Anunciado nesta segunda-feira (25/11) pelo Governo de Minas, o Novo Acordo de Mariana traz ações de reparação para Mariana e outros 37 municípios mineiros afetados pela tragédia de 2015. Entre as medidas previstas estão a duplicação do trecho da BR-356, que conecta Mariana à BR-040, melhorias em outras estradas, repasses diretos aos municípios e diversas iniciativas de apoio às comunidades. O acordo destina R$ 81 bilhões à reparação, prometendo um modelo de execução mais ágil e menos burocrático.
O governador Romeu Zema afirmou que a escuta ativa da população será um pilar central, comparando com o modelo utilizado na reparação de Brumadinho. “Serão ações estruturais, sociais e econômicas que melhorarão a qualidade de vida das pessoas e das cidades atingidas”, declarou.
A duplicação da BR-356 é uma das prioridades iniciais, com consulta pública já aberta. Também estão previstas melhorias na mobilidade em trechos da Bacia do Rio Doce e reassentamentos em Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo, com infraestrutura completa e moradias definitivas.
Programas de auxílio mensal foram anunciados, garantindo suporte financeiro por 36 meses a beneficiários do CadÚnico e listas específicas até setembro de 2024. Agricultores e pescadores que residem em até 5 km do Rio Doce receberão 1,5 salário-mínimo mensal por três anos. Além disso, indenizações individuais no valor de R$ 35 mil beneficiarão cerca de 200 mil pessoas, totalizando R$ 10 bilhões.
Na área da saúde, R$ 1 bilhão serão destinados a Mariana, enquanto R$ 8,4 bilhões serão alocados em um fundo permanente para projetos no Sistema Único de Saúde (SUS). Recursos adicionais contemplam a restauração de bens históricos e igrejas, além de R$ 4,3 bilhões para ações municipais.
Apesar dos avanços apresentados, o Novo Acordo de Mariana enfrenta forte contestação de movimentos sociais e organizações que representam os atingidos. O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e outras entidades não governamentais criticam tanto o modelo adotado quanto o valor destinado às reparações, argumentando que os atingidos não foram devidamente ouvidos durante o processo.
De acordo com o MAB, o formato desconsidera as necessidades reais das comunidades impactadas, priorizando decisões centralizadas e descoladas da realidade local. A organização também aponta que os valores destinados à reparação não correspondem à magnitude dos danos causados pela tragédia, que deixou profundas marcas sociais, econômicas e ambientais na região.
Embora o governo celebre o acordo como um marco de reparação, as críticas revelam que há desafios significativos na implementação das medidas. A inclusão de demandas populares, como no programa “Projetos das Comunidades Atingidas”, busca amenizar as insatisfações, mas movimentos sociais continuam pressionando por maior participação e transparência.
Foto: Dirceu Aurélio