Para o especialista em comércio exterior Jackson Campos, a greve deve causar atraso na importação de matérias-primas e desabastecimento de produtos como medicamentos

Os servidores das agências reguladoras estão realizando nova paralisação após negociações fracassadas do governo por salários melhores. O plano sugerido na negociação com o Sindicato Nacional dos Servidores das Agências Nacionais de Regulação (Sinagências) estabelecia um reajuste de 14,4% para os funcionários do Plano Especial de Cargos e 23% para os da carreira, dividido em duas parcelas, a serem pagas em 2025 e 2026, foi rejeitado por unanimidade.

A exigência dos servidores é que as carreiras sejam equiparadas a outras do serviço público. Por serem pouco atrativas, há muita rotatividade de pessoal, o que deixa as carreiras nas agências sempre muito defasadas em comparação a outros cargos públicos. A Sinagências pede por um ajuste salarial, fim do contingenciamento e a recomposição de cargos vagos.

Sem acordo, os grevistas param por 72 horas, entre os dias 12 e 14 de agosto, o trabalho das principais agências do país, o que deve dificultar, e muito, o andamento de processos no dia a dia do país. Para o especialista em comércio exterior, Jackson Campos, a população deve começar a sentir em breve a falta de itens.

“Uma nova paralisação, dessa vez por mais tempo, deixará em evidência para o governo a falta de produtos para o consumidor, pois isso vai gerar um efeito bola de neve, já que praticamente todo produto vendido no Brasil possui uma parte importada. Seja na matéria-prima, na tecnologia ou na transformação”, afirma o especialista.

Diversos setores já estão sentindo as consequências desta greve. Sem aprovação rápida, as importações estão sendo autorizadas a entrar no país de maneira lenta e diversos produtos ou matérias-primas podem ficar em falta. Itens essenciais, como os medicamentos, também sofrem, já que os insumos para a produção estão parados aguardando liberação.

“No mercado regulado já é possível sentir as consequências da operação padrão que está em andamento, principalmente no comércio exterior. No caso da Anvisa, por exemplo, importações que levavam 48 horas para serem deferidas estão agora beirando os 60 dias. Já está acontecendo também o desabastecimento de medicamentos, que deve ser agravado com a paralisação”, conta Campos.

Esta é a segunda paralisação feita pelos servidores federais, a primeira aconteceu por 48h entre os dias 31 de julho e 1º de agosto. Uma nova negociação deve ser realizada nesta terça-feira, 13, onde o governo deve levar à mesa de negociação uma proposta melhor, que tente acabar de vez com essa paralisação.

“A Paralisação de organismos importantes para o funcionamento do país, como a Anvisa, o MAPA e Anatel, é consequência de uma desvalorização em cascata dos servidores públicos dessas agências que vem acontecendo com o passar dos anos. Caso uma greve geral sem previsão de fim aconteça, será um desastre para a economia do país”, diz Campos.


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