A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) firmou um acordo de cooperação com três empresas australianas para fomentar a pesquisa, desenvolvimento e inovação na produção de ímãs de terras raras. O projeto será conduzido no Centro de Inovação e Tecnologia Senai Ímãs e Terras Raras (CIT Senai ITR), localizado em Lagoa Santa, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A iniciativa visa fortalecer a cadeia produtiva de ímãs, essenciais para tecnologias modernas e setores estratégicos.

As empresas envolvidas, Viridis Mining and Minerals, Viridion Rare Earth Technologies LTDA e Meteoric Caldeira Mineração, assinaram um Memorando de Entendimento (MoU) em Perth, Austrália, no dia 28 de outubro. Este memorando estabelece uma cooperação com validade inicial de cinco anos, com possibilidade de extensão, e deve estimular tanto a geração de empregos quanto a atração de novos investimentos para Minas Gerais, fortalecendo a presença do estado em setores de tecnologia avançada.

A Fiemg, desde a aquisição do antigo Laboratório de Produção de Ímãs de Terras Raras (LABFAB ITR) em 2023, tem consolidado um ecossistema de inovação voltado ao desenvolvimento de soluções tecnológicas sustentáveis. O laboratório, integrado ao CIT Senai ITR, é o primeiro da América do Sul dedicado à produção de ímãs de terras raras e representa uma posição estratégica fora do domínio da China na produção desses materiais.

As terras raras, compostas por 17 elementos, entre eles os lantanídeos, escândio e ítrio, são indispensáveis para uma série de aplicações tecnológicas de alto valor, como baterias, eletrônicos, ímãs industriais e soluções de energia limpa. Estes elementos não são encontrados em sua forma pura na natureza, mas em compostos e óxidos, e têm um papel fundamental em setores tecnológicos e em iniciativas de transição energética.

A criação de um ecossistema em Minas Gerais para a produção e desenvolvimento de ímãs de terras raras traz a perspectiva de novas cadeias de valor no estado. Além de extrair e processar esses minerais, o CIT Senai ITR utilizará essa matéria-prima para a fabricação de ímãs, essenciais para o funcionamento de motores elétricos, turbinas eólicas e outros componentes vitais na economia moderna.

O presidente da Fiemg, Flávio Roscoe, destacou a relevância dos acordos firmados com as mineradoras australianas e o impacto positivo esperado para o desenvolvimento do setor em Minas Gerais. Com o uso do laboratório do CIT Senai ITR, a parceria visa desenvolver uma cadeia produtiva local robusta e sustentável, que pode reduzir a dependência de importações e fortalecer a competitividade mineira em um cenário de crescente demanda global por produtos tecnologicamente avançados e energeticamente eficientes.

A cooperação entre a Fiemg e as empresas australianas deve ampliar as possibilidades de inovação na cadeia de terras raras, oferecendo também o potencial para o surgimento de novas indústrias e oportunidades de negócios. A expectativa é que a infraestrutura e a expertise do CIT Senai ITR, associadas aos conhecimentos técnicos trazidos pelas empresas australianas, impulsionem o desenvolvimento de tecnologias que atendam tanto à demanda local quanto às exigências dos mercados globais.

A exploração de terras raras é um setor estratégico em ascensão no Brasil, com Minas Gerais consolidando-se como um polo de inovação e produção para esses minerais críticos. O estado apresenta uma vantagem competitiva importante, combinando recursos minerais com infraestrutura de pesquisa e desenvolvimento, representada pelo CIT Senai ITR e suas equipes especializadas.

Além de garantir o fornecimento desses materiais para indústrias emergentes e fortalecer a cadeia de ímãs no Brasil, o projeto incorpora práticas sustentáveis, alinhando-se à transição energética e à economia de baixo carbono. A produção de ímãs, essenciais para tecnologias renováveis como turbinas eólicas e veículos elétricos, atende tanto às necessidades de uma economia verde quanto aos padrões internacionais de sustentabilidade.

O CIT Senai ITR desempenha um papel crucial na estratégia de Minas Gerais para se destacar na economia de alta tecnologia. Com um ambiente de pesquisa que inclui mais de 200 pesquisadores e laboratórios avançados, a unidade é parte do ecossistema de inovação da Fiemg, que facilita o desenvolvimento de tecnologias e processos inovadores no setor de terras raras.

A criação de um centro especializado em terras raras e ímãs não apenas eleva Minas Gerais no cenário global, mas também abre caminho para novos negócios e atrai investimentos estrangeiros. A parceria com as empresas australianas simboliza o interesse e a confiança internacional no potencial mineiro para desenvolver tecnologias de ponta, voltadas para o futuro e para as necessidades da nova economia mundial.

O projeto, com uma validade inicial de cinco anos, deverá posicionar Minas Gerais como um centro de referência para a produção de ímãs de terras raras na América Latina. Com as possibilidades de expansão e o desenvolvimento de novos processos produtivos, espera-se que Minas Gerais contribua significativamente para atender à crescente demanda global por esses materiais, gerando empregos qualificados e promovendo um desenvolvimento econômico sustentável na região.

A expectativa é que o desenvolvimento de um polo de terras raras em Minas Gerais resulte em uma cadeia produtiva integrada, beneficiando a indústria local e, ao mesmo tempo, reforçando o protagonismo do estado no contexto das novas economias. As iniciativas em andamento permitem que Minas Gerais esteja à frente na produção de soluções tecnológicas e sustentáveis, atendendo aos desafios globais e às demandas de uma sociedade cada vez mais conectada e consciente.

Foto: Sebastião Jacinto Júnior

 

 


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