Em um cenário global marcado por mudanças climáticas, crises econômicas e uma crescente conscientização dos consumidores sobre sustentabilidade, os setores agrícola e agropecuário têm passado por profundas transformações. O avanço tecnológico e as novas demandas sociais e ambientais indicam que essas transformações estão apenas começando e tendem a se intensificar, especialmente em Minas Gerais, um dos estados líderes na produção de café no Brasil. A expectativa é que a cafeicultura mineira adote tecnologias de ponta e práticas de sustentabilidade que respondam tanto às novas exigências do mercado quanto às mudanças ambientais.

De acordo com Simão Pedro de Lima, Diretor Presidente Executivo da Cooperativa dos Cafeicultores do Cerrado (Expocacer), a cafeicultura dos próximos anos deverá combinar tecnologias avançadas com práticas sustentáveis para responder aos desafios do mercado. “Estima-se que a integração de práticas sustentáveis e adaptação às mudanças no mercado será fundamental para manter a competitividade e eficiência do setor”, afirma. Minas Gerais, sendo um polo de excelência na produção de café, está na linha de frente dessas inovações.

Práticas como agricultura de precisão, sistemas de irrigação inteligentes, plataformas digitais, análise de big data e economia circular se tornarão essenciais. Essas tecnologias permitirão um uso mais eficiente dos recursos naturais, como água e fertilizantes, promovendo uma cafeicultura mais produtiva e com menor impacto ambiental. Os agricultores mineiros poderão contar com ferramentas que facilitam o controle de variáveis climáticas e recursos, ajustando as operações de cultivo de forma mais precisa e minimizando desperdícios.

O valor do mercado cafeeiro global foi estimado em US$ 132,13 bilhões para 2024, com projeções para alcançar US$ 166,39 bilhões até 2029, um crescimento anual de 4,72%, segundo a empresa de inteligência Mordor Intelligence. Em Minas Gerais, onde o café é um dos produtos de maior relevância econômica, os produtores têm buscado adequar suas práticas às preferências dos consumidores, que exigem cada vez mais transparência na cadeia produtiva e opções de produtos sustentáveis.

Os consumidores estão mais inclinados a escolher cafés rastreáveis, provenientes de práticas regenerativas e que respeitem o meio ambiente. Esse comportamento está incentivando as principais empresas do setor a investir em inovação e diversificação de produtos, com o intuito de fortalecer suas posições no mercado global. Dessa forma, a Expocacer e outras cooperativas mineiras estão investindo em formas de rastrear a origem do café e garantir que os processos de produção sejam ambientalmente responsáveis.

O uso de drones e sensores de última geração para monitorar as plantações já é uma realidade crescente e tende a se expandir. Essas ferramentas permitem um acompanhamento detalhado de cada área de cultivo, ajudando a otimizar o uso de insumos e reduzir o desperdício de recursos, como água e fertilizantes. “Essas inovações não apenas aumentam a produtividade, mas também reduzem o impacto ambiental da produção de café, o que é crucial para o futuro da cafeicultura mineira e global”, ressalta Simão.

Além disso, as inovações incluem o uso de tratores e colheitadeiras autônomas, que operam sem necessidade de intervenção humana, reduzindo custos e aumentando a eficiência operacional. A coleta e análise de grandes volumes de dados para identificar padrões e prever problemas também se tornarão comuns. Com isso, os cafeicultores podem tomar decisões informadas e baseadas em dados, otimizando todas as etapas do processo produtivo.

A cafeicultura regenerativa é uma das práticas que deve ganhar espaço nos próximos anos. Essa abordagem busca restaurar a saúde do solo e reduzir o uso de insumos químicos, fortalecendo a resiliência da lavoura e promovendo um equilíbrio ecológico. Minas Gerais, com vastas áreas de cultivo de café, tem visto um interesse crescente nessas práticas. A Expocacer destaca que a adoção de técnicas regenerativas, como a gestão de resíduos orgânicos e o uso de energias renováveis, será uma prioridade entre os cafeicultores mineiros, alinhando-se à demanda global por práticas mais verdes.

Outro aspecto importante é a redução da pegada de carbono, cada vez mais valorizada pelos mercados externos. A adoção de fontes de energia renovável e a transformação de resíduos em bioenergia são ações que vêm ganhando espaço. A economia circular, que busca reaproveitar subprodutos agrícolas, também é uma tendência que contribui para a sustentabilidade e agrega valor ao setor.

Empresas agrícolas e agropecuárias, especialmente as situadas em Minas Gerais, têm buscado controlar diversas etapas da cadeia produtiva, desde a produção até a distribuição do café. Esse controle permite melhorar a eficiência, garantir a qualidade e oferecer um produto final rastreável e sustentável. No entanto, para que essas inovações sejam realmente efetivas, a capacitação dos produtores é fundamental.

A Expocacer investe em programas de treinamento e educação contínua, capacitando os agricultores para lidarem com as novas tecnologias e práticas sustentáveis. Essa formação é essencial para que os produtores mineiros possam atender às demandas do mercado e adotar práticas de baixo impacto ambiental.

Para que a tecnologia e a sustentabilidade avancem de forma consistente na cafeicultura, o apoio governamental é fundamental. Políticas públicas que incentivem o uso de tecnologias avançadas e práticas sustentáveis, como subsídios e incentivos fiscais, são vistas como indispensáveis para o desenvolvimento do setor. Simão Pedro de Lima observa que esses incentivos serão determinantes para que os cafeicultores de Minas Gerais e do Brasil possam prosperar em um cenário de alta competitividade.

Criada em 1993, a Expocacer, localizada em Patrocínio, Minas Gerais, tem se destacado pelo compromisso com a qualidade e a sustentabilidade. Com capacidade para armazenar mais de 1 milhão de sacas de café, a cooperativa atende aproximadamente 740 produtores e exporta para mais de 35 países. Através de suas iniciativas, a Expocacer movimenta a economia regional e reafirma o potencial de Minas Gerais na cafeicultura mundial, tornando-se um exemplo de como a tecnologia e a sustentabilidade podem caminhar juntas na produção de café.

 


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