A decisão do colégio Santo Agostinho de não usar o celular para atividades pedagógicas até o 7° ano e de incentivar atividades alternativas durante o recreio é bem avaliada pela terapeuta ocupacional e doutora em medicina molecular na área de saúde mental da UFMG, Renata Maria Silva Santos, de 50 anos.

Renata defendeu uma tese no Programa de Pós-graduação em Medicina Molecular da Faculdade de Medicina que apontou que o uso excessivo pode levar à diminuição do Quociente de Inteligência (QI) antes do previsto. A pesquisadora destacou que a restrição ao uso de telas já é adotada por escolas em outros países, como Suécia.

“(A restrição) diminui ou até evita a dependência de conteúdos prontos, o que também foi observado na Suécia, quando eles decidiram retirar o uso das telas para as atividades acadêmicas das crianças. Segundo, é a interação com os pares, que é muito importante, além de ganhos em habilidades de escrita”, disse.

Renata destaca que o uso de telas no aprendizado diminui as habilidades de pesquisa e o interesse em realmente querer entender determinados eventos, ‘porque vem tudo pronto na tela’. A pesquisadora ainda cita a Organização Mundial de Saúde (OMS), que recomenda exposição máxima à tela de 2 horas por dia para crianças e adolescentes.

“Exatamente para evitar a exposição a conteúdos aos quais elas não têm maturidade para julgar, se são conteúdos confiáveis ou não. É uma idade do desenvolvimento emocional, onde importa muito a comparação com os pares e a autoafirmação. E internet propicia muito essa comparação com vidas perfeitas. E essa idade (até 12 anos) é muito vulnerável ainda, pelo fato de o desenvolvimento emocional que a criança se encontra”.

Recreio

Renata também destaca a importância de promover atividades interativas durante o recreio. “Uma das estratégias mais eficazes é enriquecer a vida fora da tela, focando em socialização, para que possam ser trabalhadas habilidades de convivência, mais saudáveis e menos sedentárias. Essa é uma ótima estratégia.”

Demanda dos pais

Conforme a mensagem enviada pelo colégio Santo Agostinho aos responsáveis, a mudança considera a preocupação dos pais com o uso excessivo de aparelhos celulares pelos estudantes. “Comungamos dessa mesma preocupação e ficamos satisfeitos em saber que teremos o apoio das famílias para promover um ambiente mais saudável e equilibrado”, diz trecho do comunicado, a que a Itatiaia teve acesso.

A íntegra do novo regimento será divulgada no ano que vem, mas o comunicado adiantou alguns pontos:

‘Não solicitaremos celulares para atividades pedagógicas até o 7° ano. Isso significa que o celular não é um objeto necessário na rotina escolar, podendo as famílias dispensar o envio;

• Reforçaremos a oferta de brincadeiras entre as crianças, oferecendo opções de interação durante o recreio;

• Orientação digital: muitos pais disponibilizam o celular para os filhos para a comunicação ao final do turno escolar. Isso é possível, contudo, existem aplicativos que restringem o tempo de uso e conteúdos e isso cabe a cada responsável.

O comunicado ainda destaca ser fundamental a união de educadores e pais na “promoção de um uso equilibrado e consciente da tecnologia’.


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