Os preços do petróleo encerraram o pregão desta segunda-feira, 28, em queda, revertendo os ganhos observados no início do dia. O movimento refletiu a cautela dos investidores diante das incertezas geopolíticas e da possibilidade de aumento na oferta de petróleo por parte dos países membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+), segundo análise de especialistas da ING.
Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o contrato do petróleo WTI para junho registrou queda de 1,54%, ou US$ 0,97, fechando a US$ 62,05 o barril. Já o Brent para julho, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), recuou 1,53%, ou US$ 1,01, para US$ 64,79 o barril.
Com a agenda macroeconômica esvaziada, os agentes do mercado mantiveram o foco nas negociações tarifárias entre Estados Unidos e seus parceiros comerciais. O secretário do Tesouro, Scott Bessent, demonstrou otimismo em relação à Ásia, excluindo a China, e afirmou que Pequim precisa tomar medidas para aliviar as tensões comerciais, uma vez que deixou de ser vista como um parceiro confiável. As declarações ampliaram as incertezas sobre a possibilidade de um acordo entre as duas maiores economias globais.
“Os participantes do mercado aguardam maior clareza diante dos sinais conflitantes nas negociações comerciais entre Estados Unidos e China”, afirmaram analistas do ING. De acordo com eles, o temor em relação ao impacto das tarifas na economia global continua a pesar sobre o sentimento dos investidores.
Além das preocupações comerciais, os especialistas destacam que a perspectiva de um aumento mais agressivo na produção de petróleo pelos membros da Opep+ em junho adiciona pressão ao mercado. A possibilidade de maior oferta pode ofuscar os sinais de recuperação da demanda e limitar os preços da commodity.
No cenário geopolítico, os riscos permanecem elevados após uma explosão significativa no porto de Bandar Abbas, no Irã, um ponto estratégico localizado no Estreito de Ormuz, rota crucial para o transporte mundial de petróleo. Paralelamente, os Estados Unidos anunciaram novas sanções contra embarcações acusadas de fornecer derivados de petróleo ao grupo Houthi. Segundo relatos, os Houthis prometeram intensificar os ataques no Mar Vermelho e no Mar Arábico, em retaliação a supostos bombardeios norte-americanos.
Na Ásia, dados recentes mostram que as refinarias chinesas processaram a maior quantidade de petróleo em um ano durante o mês de março. No entanto, os estoques chineses também subiram, alcançando o maior patamar em quase três anos, o que adiciona outro elemento de incerteza sobre a dinâmica de oferta e demanda no mercado internacional.
Com um ambiente externo repleto de fatores de risco, analistas alertam que o mercado de petróleo deve permanecer volátil no curto prazo. Investidores monitoram atentamente os desdobramentos diplomáticos e as decisões da Opep+, buscando sinais mais claros sobre o equilíbrio futuro entre oferta e demanda no setor energético.
Foto: Divulgação/Petrobras