A delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, oficial da ativa do Exército, está ameaçada de anulação pela Polícia Federal (PF). O oficial foi convocado para um novo depoimento, marcado para a próxima terça-feira, às 14h, para esclarecer omissões relacionadas à tentativa de golpe de Estado durante o governo de Jair Bolsonaro. A manutenção dos benefícios da delação, como a redução de pena, dependerá desse depoimento.
Caso a delação seja anulada, Cid perderá os benefícios negociados, mas as informações fornecidas continuarão sendo usadas no inquérito. O caso será remetido ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), na próxima semana.
Novas evidências sobre a tentativa de golpe foram obtidas pela PF com o uso do equipamento Celebritti, de tecnologia israelense, capaz de recuperar dados apagados de celulares e computadores. O mesmo equipamento foi empregado na investigação do celular do chaveiro Francisco Wanderley Luiz, morto ao manipular uma bomba caseira destinada ao STF.
Com o Celebritti, a PF acessou mensagens que reforçam o planejamento do golpe, atrasando a conclusão do inquérito. Um delegado afirmou que Cid foi orientado a “falar tudo o que sabe, não apenas confirmar o que já foi descoberto”.
Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, é peça-chave em investigações que envolvem o ex-presidente, incluindo suspeitas de venda de joias, falsificação de atestados de vacinação contra a COVID-19 e a tentativa de golpe. Se a delação for anulada, Cid poderá enfrentar uma condenação severa no STF, além de processos internos no Exército, onde sua carreira já enfrenta sérias limitações.
Foto: Lula Marques/Agência Brasil