A Polícia Federal, por meio da Superintendência Regional de São Paulo, está se mobilizando para investigar a grave temporada de incêndios que assola o Brasil, representando uma ameaça crescente ao meio ambiente e à segurança pública. Neste domingo, diversos focos de queimadas afetaram várias regiões do país, cobrindo cidades do interior de São Paulo e áreas do Centro-Oeste, como Goiás e Brasília, com uma densa camada de fumaça.
O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, informou em entrevista coletiva que já foram abertos 31 inquéritos para investigar os incêndios, sendo 29 deles na Amazônia e no Pantanal, e outros dois no estado de São Paulo. O foco das investigações é apurar se há envolvimento criminoso nos incêndios, especialmente em áreas de interesse da União, como aeroportos, onde as chamas têm causado interrupções críticas.
Rodrigues classificou a situação como “atípica” e destacou que os incêndios em São Paulo estão sob investigação devido à suspeita de fogo intencional. Esses incêndios, além de devastar a vegetação, colocam em risco vidas humanas, propriedades e a infraestrutura essencial do país.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, também alertou para a gravidade da situação, descrevendo-a como uma “verdadeira guerra contra o fogo e a criminalidade”. Ela destacou que a simultaneidade dos incêndios em diversos municípios em curto período de tempo não condiz com os padrões históricos de queimadas no Brasil, sugerindo uma ação coordenada por trás dos focos.
Rodrigo Agostinho, presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), reforçou a preocupação com a origem criminosa das queimadas. Segundo ele, praticamente todos os incêndios no país são intencionais, com raras exceções de causas acidentais. Em São Paulo, há uma forte suspeita de que os focos de incêndio foram deliberadamente sincronizados, o que agrava ainda mais a situação.
A região Centro-Oeste, em particular, enfrenta uma situação crítica, com mais de 120 dias sem chuva e umidade do ar extremamente baixa, condições que facilitam a propagação do fogo. Apesar da redução do desmatamento, áreas já devastadas continuam sendo incendiadas para manter o solo limpo, agravando a crise ambiental.
Agostinho destacou que o governo está empregando um número recorde de brigadistas, com mais de 2 mil pessoas em ação, principalmente na Amazônia e no Pantanal. No entanto, a gravidade dos incêndios está dificultando os esforços para recuperar áreas atingidas pela seca, como os rios Madeira e Tapajós.
Em meio a essa crise, prisões já começaram a ocorrer. Três homens foram detidos sob acusação de provocarem incêndios intencionais, dois em São Paulo e um em Goiás. Os casos ilustram o impacto devastador que essas ações criminosas têm, com relatos de fazendeiros que perderam animais queimados vivos nas chamas.
A investigação da Polícia Federal é um passo crucial para identificar e responsabilizar os culpados, mas também para prevenir futuros desastres, protegendo o meio ambiente e a população das graves consequências dos incêndios criminosos.