Os juros futuros no Brasil apresentaram forte queda nesta segunda-feira (3), especialmente nos prazos mais longos, impulsionados pela redução do prêmio de risco e pela percepção de que o Banco Central adotará um ciclo de aperto monetário menos intenso. A influência do mercado externo, com a decisão dos Estados Unidos de adiar tarifas comerciais contra o México, também contribuiu para o movimento, fortalecendo a moeda brasileira e criando espaço para o recuo das taxas de juros futuras.

No fechamento da sessão, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 caiu para 14,865%, enquanto o DI de janeiro de 2027 recuou para 14,825%. As taxas de longo prazo também apresentaram queda significativa, com o DI de janeiro de 2029 reduzindo-se para 14,445% e o de janeiro de 2031 caindo para 14,39%.

Nos mercados internacionais, os juros dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos também tiveram oscilações, refletindo uma tendência de achatamento na curva de rendimentos. A taxa da T-note de dois anos subiu para 4,261%, enquanto a do título de dez anos recuou levemente para 4,536%, influenciando os mercados emergentes.

O comportamento do mercado doméstico foi fortemente impactado pela mudança no cenário global. Inicialmente, esperava-se que as tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos a países como México, Canadá e China pressionassem os juros no Brasil. No entanto, a decisão de adiar as tarifas contra o México ajudou a reduzir o prêmio de risco e impulsionou a valorização do real. Esse movimento permitiu que a curva de juros futuros no Brasil fechasse a sessão com recuos expressivos, principalmente nos contratos de longo prazo, que chegaram a cair cerca de 30 pontos-base (0,3 ponto percentual).

No cenário interno, o mercado reagiu à perspectiva de que o Banco Central adote um ajuste monetário mais moderado, especialmente após a divulgação da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Apesar da recente elevação da taxa Selic para 13,25%, a comunicação do Banco Central foi interpretada como menos restritiva, destacando a desaceleração da atividade econômica como fator de atenção para o cenário inflacionário.

O relatório Focus divulgado no mesmo dia reforçou a tendência de ajuste na curva de juros futuros. O levantamento indicou um leve aumento na expectativa de inflação para 2025 e 2026, passando de 5,5% para 5,51% e de 4,22% para 4,28%, respectivamente. Para este ano, a projeção de inflação piorou pela 12ª semana consecutiva. No entanto, as estimativas para a taxa Selic permaneceram estáveis, sugerindo que o mercado não antecipa mudanças bruscas na condução da política monetária.

A perspectiva para 2025 indica um cenário de desaceleração gradual da economia, embora o mercado ainda veja pressões inflacionárias persistentes. O consumo e os mercados de trabalho continuam apresentando sinais de estabilidade, mas com tendência de enfraquecimento ao longo do tempo. Nesse contexto, a política monetária deve seguir atenta aos impactos fiscais e à evolução da inflação, garantindo uma condução equilibrada dos juros no Brasil.

Foto: Steve Buissinne/Pixabay


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