A definição dos partidos e deputados que comandarão as principais comissões da Câmara está travada pela expectativa de uma reforma ministerial no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A possível entrada de parlamentares aliados na Esplanada dos Ministérios alteraria o equilíbrio de forças na Casa, impactando diretamente o comando da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e a relatoria do Orçamento de 2026.

Entre as mudanças em análise, a Secretaria de Relações Institucionais (SRI), liderada pelo ministro Alexandre Padilha (PT), pode entrar no pacote de substituições, previsto para ocorrer após o feriado de Carnaval. Dois nomes são cotados para a vaga: os deputados Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) e Isnaldo Bulhões (MDB-AL), líder do MDB na Câmara.

O MDB desempenhou papel central na articulação que garantiu a eleição tranquila de Hugo Motta (Republicanos-PB) para a presidência da Câmara, com 444 votos. Em troca do apoio, o partido firmou acordo para indicar o relator da lei orçamentária de 2026, uma função estratégica, especialmente em um ano eleitoral.

Isnaldo Bulhões, que coordenou a campanha de Motta, é visto como um potencial articulador entre o Planalto e a Câmara. A relação entre o governo e o Congresso passou por momentos de tensão, e o ex-presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), chegou a romper com Padilha, chamando-o publicamente de “incompetente”. Caso Isnaldo assuma um ministério, será necessário um rearranjo de forças na Câmara, o que pode levar o União Brasil a assumir a relatoria do Orçamento e o MDB a ficar com a CCJ.

A CCJ é uma das comissões mais importantes da Câmara, pois analisa a constitucionalidade de todos os projetos antes de sua votação no plenário. O presidente desse colegiado pode acelerar ou barrar matérias estratégicas.

O União Brasil, que inicialmente lançou Elmar Nascimento (BA) à presidência da Câmara, tenta agora influenciar a escolha do relator do Orçamento.

Lula tem evitado confirmar a reforma ministerial, mas, além de deputados, nomes como Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ex-presidentes da Câmara e do Senado, também podem ser considerados para cargos no governo.

Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

 


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