Por Geraldo Elísio (Repórter)

Óbvio, não estou tomando partido de ninguém. Porém a valentia oratória do governador de Minas, Romeu Zema, toma muito os rumos da reação do ex-governador Eduardo Azeredo com as polícias Militar e civil de Minas Gerais, na famosa greve onde despontaram como lideranças políticas o cabo Júlio e o sargento Rodrigues.

Aliás, Júlio e Rodrigues até hoje continuam no mercado. Quanto ao ex-governador Eduardo Azeredo a verdade deve ser dita, o destino não reservou para ele lugares privilegiados. Foi um tempo de tormenta que até hoje deixa sequelas encobertas. Tipo um vírus de novo podendo entrar em erupção a qualquer momento.

Se as lideranças rebeladas contra o Poder Central fossem capazes de superar antigos antagonismos, relativos a outras castas de funcionários públicos que a exemplo deles padecem com as remunerações, a história se reverteria a outros polos. Entretanto, desde que sejam atendidos, passam a se dedicar ao ofício de espancar quem reivindica o mesmo que eles reivindicaram.

Que o digam as nossas professoras.

Entretanto o mundo gira e, mesmo que lentamente, as coisas tendem a mudar. O governador Zema – insisto em dizer que não o conheço pessoalmente – não deu tempo ao tempo para produzir um discurso flamejante quando a hora é a de se reunir o máximo possível de água fria.

Sem querer fazer trocadilho ele chamou os incendiários em vez de apelar aos bombeiros. Isso soando aos políticos de melhor senso como um brado de guerra que os seus adversários políticos de coração muito agradecem. Principalmente quando se percebe os sussurros de que o Comandante Geral da PMMG deve ser envolvido em inquérito por abstenção variando até incentivos incompatíveis com o cargo.

Verdade pode ser que nada ocorra. Se assim for, ótimo. Porém se não for assim? Creio que o Estado já vendeu tudo o que poderia vender. E além do mais enfrenta dificuldades imprevistas derivadas de uma guerra envolvendo a Ucrânia e a Rússia, podendo sobrar para o mundo inteiro em termos do agravamento do conflito.

De que lado eu estou? Obviamente dos que propugnam a favor da paz, contudo reconhecendo as injustiças pestilentas provocadas por todos os lados diluídas nas malignas intenções e interesses. Esta ideia de punição do chefe do grupo rebelado? De quem parte?

De mim certamente é que não é? De quem? Um bêbado sei lá por qual razão – não se exige razão dos bêbados – indagou:

– E se for ideia das FF. AA?

Nem respondi, mas guardei a frase.

O governador Romeu Zemaredo tem a obrigação de saber mais dos fatos do que eu. Um repórter de verdade não cria fatos. A sua obrigação é narrar o que vier apurar narrando para os leitores e manter o segredo da fonte, princípio inalienável dos jornalistas. E assim eu ajo.