O documento contendo várias sugestões e explicando a situação emergencial que assola a vida de milhões de pessoas já está em poder da Secretaria Geral da Presidência da República, e foi entregue durante reunião no Palácio do Planalto.

Em 2023, a Amazônia sofreu uma das piores secas já registradas, causando uma crise humanitária e ambiental que impactou milhões de habitantes. A seca comprometeu ecossistemas e a subsistência das comunidades locais, especialmente as ribeirinhas. A previsão é de que essas condições se repitam em 2024. Os estados mais afetados até agora foram Amazonas, Acre, Rondônia e Mato Grosso, com a seca afetando severamente o abastecimento de água para mais de 6 milhões de pessoas.

Diante deste cenário, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG) e o Movimento de Pescadores e Pescadoras Artesanais do Brasil (MPP) se uniram e criaram um documento com medidas emergenciais, com relação à seca na Amazônia.

O documento foi entregue na última quarta-feira (07/8), em reunião no Palácio do Planalto para o ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Márcio Macedo.

“Em 2023, a crise climática atingiu um ponto crucial da história, caracterizado por uma significativa quebra de recordes climáticos em escala global. A seca extrema vivenciada, classificada como uma das piores da história, gerou uma crise hídrica que afetou dinâmicas essenciais à vida, como o acesso de alimentos, água potável e transporte, atingindo diretamente populações indígenas, tradicionais e ribeirinhas”, alerta Toya Manchineri, coordenador da COIAB.

Segundo o documento apresentado ao governo federal, a seca tem gerado uma perda generalizada de culturas e pastagens, escassez de água e um cenário de emergência climática. A dependência de captações de águas superficiais deixou as áreas urbanas mais vulneráveis, com 135 municípios que usam pontos de captação dos rios com abastecimento comprometidos.

Entre as medidas apresentadas estão: a criação de um auxílio emergencial para os atingidos, distribuição de água potável, reforço de profissionais de saúde, distribuição de cestas básicas, isenção de tarifas de energia, entre outras.

A reunião foi positiva, a secretaria geral vai solicitar cadeira no comitê governamental que trata da seca e articular para garantir participação das organizações e diálogo com os movimentos”, conta Ocelio Muniz, da coordenação nacional do MAB, de Rondônia.

De acordo com Muniz, para além da pauta emergencial, a Secretaria se comprometeu em seguir um diálogo mais permanente tendo em vista a recorrência das secas prolongadas na região, “a secretaria geral vai propor o formato de um grupo de trabalho com nossas organizações para tratar de forma permanente a nossas demandas, tanto emergência como a médio e longo prazo”.

Na visão das organizações que assinam o documento, a resposta à crise exige colaboração entre governos, organizações sociais e comunidades, com foco na sustentabilidade e bem-estar coletivo. “É crucial desenvolver políticas públicas que fortaleçam a resiliência das populações vulneráveis e promovam a recuperação de áreas desmatadas para enfrentar futuras crises climáticas”, está escrito em trecho do documento.

Fotos: Graccho/SGPR


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