O senador Marcos do Val (Podemos-ES) declarou nesta quarta-feira (4 de setembro de 2024) que recusou a oferta de seu colega Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), que se dispôs a pagar um hotel para ele por um mês enquanto seu salário está bloqueado pela Justiça. Segundo Do Val, ele prefere passar as noites no tapete azul do Senado. “O hotel deve ser de 2 ou 3 estrelas, e olhe lá. Vou usá-lo como ponto de apoio para banho, café da manhã e almoço, mas vou dormir no Senado”, afirmou o senador.
A oferta de Alcolumbre, principal nome na disputa pela presidência do Senado em 2025, veio após Do Val anunciar que iria acampar no plenário do Senado na noite de terça-feira (3 de setembro), o que preocupou seu colega e os seguranças da Casa. O congressista se instalou em uma das cadeiras do plenário, levando consigo uma mala de viagem, a Constituição brasileira e itens pessoais.
O senador revelou estar há dois meses com sua conta bancária negativa em R$ 50 milhões. Recentemente, no dia 27 de agosto, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou o desbloqueio de 30% de seu salário. O valor bruto recebido por um senador atualmente chega a R$ 44.000. Do Val enfrenta suspeitas de obstrução de Justiça após ter feito postagens nas redes sociais sobre o delegado da Polícia Federal Fábio Schor, que lidera as investigações contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Do Val ainda ocupa um apartamento funcional destinado a senadores, mas afirma que está sem gás e energia elétrica, pois não tem recursos para pagar as contas. “Pago R$ 1.100 de luz, tenho faxineira, mas sem salário não tenho como fazer compras”, declarou. Ele também revelou que precisou pegar uma gravata emprestada para entrar no plenário e que está usando as mesmas roupas desde terça-feira (3 de setembro), pois não consegue retornar ao apartamento.
O senador disse que não pretende utilizar seu gabinete para passar a noite, já que o considera um “local de trabalho”, e afirmou que dormirá em qualquer lugar do tapete azul, o principal saguão do Senado, por onde passam políticos, assessores e visitantes diariamente. “Para mim, foi até confortável”, comentou.
Do Val justificou seu “acampamento” pela falta de recursos financeiros, criticando o bloqueio de suas contas, que, segundo ele, fere o artigo 53 da Constituição, que garante inviolabilidade aos parlamentares. Ele negou que a motivação de seu protesto seja a suspensão de seus perfis nas redes sociais, mas afirmou que não cumprirá nenhuma decisão judicial que considere ilegal. “Estou protestando pelo descumprimento do artigo 53. Alexandre de Moraes me impôs uma multa de R$ 50 milhões, impagável. E não vou cumprir qualquer ordem judicial ilegal”, declarou o senador.
Durante a sessão de terça-feira (3 de setembro), Do Val argumentou que as decisões de Moraes, como a suspensão de suas redes sociais, o cancelamento de seu passaporte diplomático e o bloqueio de parte de seu salário, são inconstitucionais. O senador também alertou sobre os prejuízos que essas ações podem trazer ao Brasil no cenário internacional de investimentos. “Estamos caminhando para uma falência pior do que a da Venezuela. Ou o impeachment é feito agora para reestruturar a imagem do Brasil no mundo”, afirmou.
Por fim, Marcos do Val disse que continuará acampado no Congresso até que sua situação seja resolvida. “Vou ficar aqui no Congresso, porque não tenho outro lugar para ficar, até que isso se resolva e eu possa voltar a exercer minha função de senador. Vou encontrar algum local no corredor e passarei a morar aqui, no corredor”, concluiu o senador.