Silva, mais conhecido como JR, morador e liderança no bairro Boa Viagem, em Belo Horizonte. JR é bibliotecário de formação pela UFMG, com especialização em gestão cultural, e está concluindo um curso de arte e educação pelo SENAI. Além disso, é membro do Instituto Sociocultural de BH e da associação de moradores do bairro Boa Viagem.
Durante a prosa ele destaca o histórico e as iniciativas para preservar e valorizar a identidade do bairro, que afirma ter uma importância singular na capital mineira.
Segundo JR, o bairro Boa Viagem, muito anterior à própria fundação de Belo Horizonte, remonta ao século XVIII, quando os tropeiros paravam na região devido aos rios que cortavam o local. Explica que foi nessa época que um português, Francisco Homem del Rei, trouxe uma imagem de Nossa Senhora da Boa Viagem e construiu, junto aos tropeiros e escravos, uma pequena igreja de pau a pique, que marcou o início do desenvolvimento da área.
JR acrescenta que essa igreja, ao longo do tempo, passou por diversas transformações, até chegar à Catedral de estilo neogótico que conhecemos hoje, construída a partir de 1900.
Comenta ainda sobre um recente e importante acontecimento para o bairro: a aprovação, pela Câmara Municipal de Belo Horizonte, do Projeto de Lei 710/2023, que estabelece a Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem como o marco zero da capital. Ressalta que essa iniciativa visa reforçar a identidade histórica do bairro, destacando sua importância no contexto urbano e cultural de BH.
Acrescenta que a proposta foi amplamente apoiada e está à espera da sanção do prefeito Fuad Noman.
Apesar de ser um bairro relativamente novo em termos de reconhecimento oficial, JR sublinha que o Boa Viagem já nasceu com uma forte identidade histórica. Ele menciona que a localização estratégica, próxima a importantes marcos culturais e históricos da cidade, como a Praça da Liberdade e o Palácio das Artes, só reforça seu potencial. No entanto, alerta que a especulação imobiliária representa um desafio para a preservação das casas antigas da região, levando os moradores a buscarem medidas de proteção, como a criação de uma área especial que impeça a construção de prédios e garanta a preservação do patrimônio local.