O Tribunal de Contas da União (TCU) determinou, em decisão cautelar, que os ministérios da Fazenda, do Desenvolvimento e Assistência Social, do Esporte e a Caixa Econômica Federal adotem medidas imediatas para evitar que recursos do Bolsa Família sejam utilizados em apostas online.

A decisão, assinada pelo ministro Jhonatan de Jesus, estipula que os órgãos apresentem, em até 15 dias, ações para coibir irregularidades envolvendo o uso dos recursos do programa em plataformas de apostas. O ministro destacou que essa prática viola a legislação do Bolsa Família e compromete os objetivos do programa, que busca garantir condições básicas às famílias em situação de pobreza.

O uso desses recursos em apostas, uma atividade que não atende às necessidades essenciais nem contribui para a superação da pobreza, compromete a eficácia da política pública de assistência social”, afirmou o ministro.

Na decisão, o ministro também ressaltou a necessidade de soluções técnicas para operacionalizar a proibição do uso dos recursos em apostas. Segundo ele, a atuação preventiva do TCU visa proteger o erário e assegurar a eficiência da política pública, sem gerar prejuízos irreversíveis aos beneficiários.

“O objetivo é garantir que os recursos destinados ao combate à pobreza não sejam desviados de sua finalidade, mantendo a proporcionalidade e a razoabilidade das medidas”, explicou Jhonatan de Jesus.

Além disso, o TCU reforçou que os ministérios e a Caixa devem apresentar informações detalhadas sobre as ações adotadas para coibir o uso inadequado do benefício.

Enquanto o TCU busca a adoção de medidas, a Advocacia-Geral da União (AGU) entrou com recurso no Supremo Tribunal Federal (STF) questionando a viabilidade técnica de impedir o uso do Bolsa Família em apostas. A AGU argumenta que, após o repasse do benefício às contas dos beneficiários, o governo não possui mecanismos para diferenciar esses valores de outros depósitos, perdendo, assim, o controle sobre sua destinação.

As áreas técnicas do governo também reforçam que o dinheiro, ao ser transferido, se torna propriedade do beneficiário, dificultando qualquer monitoramento direto sobre o uso dos recursos.

Essa decisão abre um debate sobre os limites do controle público na aplicação de benefícios sociais e as responsabilidades do governo para garantir que esses recursos sejam utilizados conforme sua finalidade original.

Foto: Divulgação TCU

 


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