Na casa de Teresa e Candido Bracher, a senadora Simone Tebet (MDB), a deputada federal Marina Silva (Rede-SP) e o economista Arminio Fraga pediram abertamente, nesta terça-feira, aos cerca de 650 convidados para que votem no candidato petista Luiz Inácio Lula da Silva.
“Foi aqui que tudo começou [na casa dos Bracher] e eu recebi o apoio para a minha candidatura”, afirmou a emedebista, que chegou em terceiro lugar à Presidência, com quase 5 milhões de votos.
A ideia do encontro foi tentar convencer os indecisos a votar no ex-presidente. Entre os presentes, contudo, não precisou muito esforço. Muitos já chegaram decididos a votar em Lula. A dúvida era se iriam declarar publicamente ou não o voto.
Em seu discurso, o ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga afirmou que ser liberal sempre foi o melhor caminho e que pensou em anular o voto. Para ele, contudo, Bolsonaro representa o retrocesso. “Vi que a realidade [com Bolsonaro] foi se impondo.”
O economista disse que vai votar em Lula com convicção e que sua escolha é pelo país que ele que quer ver para o futuro.
“É uma obrigação cívica se colocar a favor da integridade das instituições”, disse ao ‘Valor’ Pedro Wongtschowski, presidente do conselho de administração do grupo Ultra, dono da rede de postos Ipiranga. Wongtschowski foi um dos apoiadores da candidatura de Simone Tebet e participou do núcleo duro da campanha da senadora.
Fernando Reinach, biólogo e um dos gestores do fundo Pitanga, que investe em empresas ligadas à inovação, disse que também será a primeira vez que vai votar em Lula.
“Eu estava decidido a anular. Mas cheguei à conclusão que anular seria achar que os dois são iguais, o que não é verdade”, afirmou. Reinach acredita que nesta eleição não prevalece o tanto faz, mas disse que seu voto em Lula é crítico.
Uma boa parte dos convidados que esteve no coquetel organizadopor Ana Paula Guerra, Maria Stella Gregori, Marisa Salles, NecaSetubal, Teresa Bracher e Tomas Alvim, na casa dos Bracher, não votará em Lula por convicção.
Estiveram presentes os acionistas da Natura, Guilherme Leal e Pedro Passos, economistas Marcos Lisboa, Zeina Latif, Elena Landau (responsável pelo programa econômico de Tebet), executivos e gestores da Faria Lima. Representantes do agronegócio, como Pedro de Camargo Neto, Marcelo Vieira (Adeco) e o ex-secretário de Agricultura, José Carlos de Souza Meirelles, também participaram.
Com o apoio declarado ao ex-presidente Lula, Tebet falou aos convidados que o momento atual não é para neutralidade e que o presidente Jair Bolsonaro (PL) representa risco à democracia. “É uma escolha. Votar pelo futuro ou pelo retrocesso”, disse.
Indecisos
Para Simone Tebet, apoiar Lula será um voto de confiança de que o petista possa governar com uma frente ampla. Não será apenas um voto no PT.
Tebet acredita que poderá converter os indecisos. Para a Faria Lima, ela disse que o governo Bolsonaro não é exatamente o candidato que respeita o teto de gastos. Ela acredita que Lula deverá discutir uma âncora fiscal que encaixe os programas sociais.
No agronegócio, setor que apoio em peso Jair Bolsonaro, a senadora afirmou que tem reiterado em seu discurso que o ex-presidente fez muita coisa para o setor e que muitos agricultores cresceram no período em que Lula foi presidente.
Contudo, ninguém ligado ao agronegócio presente no coquetel de ontem quis declarar apoio público ao ex-presidente. “Entendo que ele seja a melhor opção neste momento, mas fica difícil falar abertamente. É muita polarização”, disse uma fonte, que preferiu não se identificar.
Para o arquiteto Carlos Bracher, que também nunca votou em Lula, os indecisos puderam ouvir diversas opiniões no coquetel e poderão decidir em quem votar no dia 30 de outubro mais conscientes de que Bolsonaro não é a melhor opção. Poucos pareciam indecisos no coquetel, mas uma boa parte ainda não estava disposta a dizer abertamente que vai apertar o 13.