Filas enormes, estações cheias e ônibus lotados. A reclamação de quem depende de ônibus para se locomover na capital não é nova. Mas, para muitos usuários, o que já era ruim, piorou com a greve do metrô, que entra no 24º dia nesta quarta-feira (13).
Sara Rebeka, de 29 anos, reclama que todos os dias leva duas horas e meia para chegar em casa. “É um descaso com nossos cidadãos, porque nós estamos aqui esforçando todos os dias, saindo de casa, trabalhar já não tá fácil. A gente não pode nem contar com o mínimo que o governo pode oferecer, que é um transporte público decente”, afirma.
De acordo com o boletim divulgado pela Companhia de Trens Urbanos (CBTU), apenas 30% dos usuários têm conseguido usar o metrô desde 21 de março, quando a greve começou. Isso significa que, por dia, 70 mil pessoas deixam de embarcar nos trens, que circulam apenas das 10h às 17h.
A multa diária estipulada pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) pelo descumprimento da decisão de funcionamento do metrô nos horários de pico é de R$ 30 mil. Segundo a CBTU, na última sexta-feira, o TRT informou que irá decidir sobre o assunto da fase de execução processual.
Nos horários de pico, que concentram maior movimento de passageiros, entre 5h30 e 10h e das 16h30 às 20h, as estações fecham as portas. E quem precisa ir para o trabalho ou voltar para casa passa aperto e muita raiva.
O jeito é apelar para os ônibus e engolir a raiva. “Além de o transporte ser precário, ônibus estragado, motorista sendo já cobrador, a gente ainda conta com o descaso de não ter ônibus disponível para a volta do trabalho, nem para a vinda”, diz Sara Rebeka, indignada.
Em nota, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra-BH) informou que as concessionárias vêm fazendo o monitoramento das viagens, para estudar o comportamento da demanda de passageiros. E, desta forma, realizar os ajustes necessários e possíveis de serem aplicados pelas empresas, que operam em colapso.
Os metroviários reivindicam que o Governo Federal apresente uma alternativa aos 1.500 empregados públicos no processo em andamento da privatização da Superintendência de Trens Urbanos de BH.
Segundo a CBTU, as negociações são conduzidas pelos Ministérios da Economia e do Desenvolvimento Regional. Os trabalhadores cobram também uma definição da companhia sobre sobre o Acordo Coletivo de Trabalho, que ficou condicionado ao fim da greve.
Sara está longe de entender as demandas dos funcionários do metrô. Mas, com a sabedoria dos seus 24 anos, sabe que o transporte público deveria ser melhor para atender a população. “Eu acho que o governo devia valorizar mais essa questão do transporte, porque nós, cidadãos da menor classe, a gente movimenta mais a economia do nosso país”, finaliza.