O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu, nesta quarta-feira, 20 de novembro, o presidente da China, Xi Jinping, no Palácio da Alvorada, em Brasília. A visita oficial ocorre após a reunião do G-20 e inclui uma agenda intensa de compromissos, como reuniões bilaterais, cerimônias de assinatura de acordos, além de almoço e jantar entre os líderes.
Um dos destaques da visita é o anúncio da abertura do mercado chinês para quatro produtos agrícolas brasileiros. De acordo com fontes envolvidas nas negociações, a China dará aval à importação de farinha de peixe, utilizada na produção de ração animal, além de sorgo, gergelim e uvas frescas do Brasil.
As negociações para a abertura desses mercados já foram finalizadas, com protocolos técnicos prontos, restando apenas o anúncio formal por parte das autoridades chinesas. Além disso, Brasil e China assinarão protocolos de cooperação técnica na área de agricultura, fortalecendo ainda mais os laços comerciais entre os dois países.
Nos bastidores, há otimismo para que outros acordos sejam concluídos em breve. Há avanços significativos nas tratativas para viabilizar a exportação de miúdos suínos brasileiros e para revisar o protocolo de exportação de pescado extrativo. No entanto, esses anúncios não serão feitos nesta visita, uma vez que ainda dependem de ajustes finais.
Segundo uma fonte próxima às negociações, o protocolo para miúdos suínos está tecnicamente quase finalizado, mas o anúncio oficial foi adiado para outra ocasião. A revisão das regras para pescado extrativo, embora pronta, também não será apresentada agora. A expectativa é de que esses avanços sejam concretizados até o fim do ano, junto com acordos para a exportação de miúdos bovinos, suínos e de aves.
Outros pontos ainda estão em discussão técnica e não têm prazo imediato para conclusão. A exportação de grãos secos de destilaria (DDGs), subproduto do etanol de milho, segue em análise. Da mesma forma, revisões importantes, como as relacionadas à encefalopatia espongiforme bovina (EEB, conhecida como “mal da vaca louca”) e à regionalização da influenza aviária, devem ser tratadas em encontros futuros da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban).
Apesar das expectativas, a China não anunciará a habilitação de novos frigoríficos brasileiros para exportação de carnes nesta visita. Em outubro, o Brasil encaminhou uma lista com dez frigoríficos aptos a exportar carne bovina e de aves para a China. Esses pedidos ainda estão sendo analisados pela Administração Geral de Alfândegas da China (GACC). A previsão é que a habilitação de novas plantas seja anunciada no primeiro trimestre de 2025.
No momento, a GACC realiza a análise documental e prepara auditorias nas unidades brasileiras. Além dos quatro produtos agrícolas já confirmados, a pauta bilateral inclui mais de 50 itens em negociação. Entre os pedidos brasileiros estão a abertura de mercado para carne bovina com osso, farelo de amendoim, farelo e óleo de pescados, lima ácida, arroz e a sincronia na aprovação de transgênicos.
A visita de Xi Jinping a Brasília marca um passo importante nas relações Brasil-China, com a consolidação de avanços no setor agropecuário e o fortalecimento de laços diplomáticos. O governo brasileiro aposta na ampliação da parceria estratégica com o gigante asiático, que já é o maior parceiro comercial do Brasil.
Com a abertura de novos mercados e o avanço das negociações, a expectativa é de que a cooperação entre os dois países continue gerando benefícios significativos para a economia brasileira, especialmente no setor agrícola.
Foto: Ricardo Stuckert/PR