A invasão da Ucrânia por tropas russas deve mexer com o bolso dos brasileiros por causa dos preços dos combustíveis, afirmam economistas.

Segundo especialistas, além das inestimáveis perdas das populações diretamente afetadas pela guerra, o conflito vai prejudicar a oferta de petróleo, uma importante matéria-prima para a economia global.

O receio de que o conflito no leste europeu provoque uma redução da oferta de petróleo já está influenciando o mercado internacional de commodities, onde a cotação do barril opera em alta forte nesta quinta-feira (24).

Essa valorização dos contratos futuros influencia os preços dos combustíveis no Brasil por causa da política de preços da Petrobras.

E com os reajustes de preços dos combustíveis, a inflação brasileira pode demorar ainda mais para ceder, mesmo estando nos maiores patamares desde 2016.

Por que o petróleo sobe com invasão da Ucrânia pela Rússia?

A Rússia é o segundo maior exportador e terceiro maior produtor de petróleo global, respondendo por cerca de 12% da oferta global.

Mas, com as sanções econômicas que os países do Ocidente estão impondo contra a Rússia, a oferta russa de petróleo pode ser afetada, o que vai interferir nos preços. A Rússia é ainda o principal exportador e segundo maior produtor de gás natural do mundo.

Essas sanções é que devem tirar do mercado parte — ou toda — a oferta de petróleo garantida pela Rússia.

Relação entre petróleo e preços de combustíveis no Brasil

Por causa da política de preços praticada pela Petrobras, os combustíveis no Brasil têm os custos definidos a partir da cotação do barril no mercado internacional.

Assim, a valorização do petróleo lá fora acaba chegando às bombas de gasolina aqui no Brasil. O preço do barril de petróleo afeta ainda o valor cobrado do consumidor para o diesel e para o gás de cozinha, destacam especialistas no setor. Assim, dizem eles, todos os derivados do petróleo tendem a ficar mais caro.

Quando esses reajustes chegam ao consumidor?

A política de preços da Petrobras determina os reajustes conforme uma média semanal de preços do barril no mercado internacional. Em tese, os preços mais elevados nas refinarias poderiam começar a valer já no começo de março.

A Petrobras informou hoje que vai avaliar os impactos da alta volatilidade dos preços do petróleo no mercado internacional, após o ataque feito pela Rússia à Ucrânia, antes de tomar qualquer decisão sobre os preços, disse o diretor-executivo de Comercialização e Logística, Cláudio Mastella.

Para Adriano Pires, especialista em energia, a Petrobras não deve mexer imediatamente porque há muita incerteza. “Agora, se o preço de barril ficar por algum tempo acima dos US$ 100, acredito que teremos reajustes de combustíveis”, diz o diretor do Cbie.

Nesse caso, diz o especialista, o governo brasileiro poderia usar recursos do orçamento para bancar a manutenção dos preços para a Petrobras.

Inflação

Mesmo que os reajustes de combustíveis fiquem contidos por algum tempo, é opinião unânime entre os economistas que a inflação no Brasil volta a ficar pressionada. Eles destacam que o item “combustíveis” é um dos principais responsáveis pela alta dos índices de preços desde 2020.

Fonte: Uol