Um dia depois de dizer que o PSDB acabou, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) elogiou a relação que teve com políticos do partido durante o período em que a polarização no Brasil era entre os dois partidos.
Lula disse que, naquela época, quando esses partidos disputaram seis eleições, com duas vitórias tucanas e quatro petistas, o país “era feliz”. As declarações de Lula foram dadas em Porto Alegre, em evento com especialistas em educação, e ao lado do vice em sua chapa, Geraldo Alckmin, hoje no PSB e da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
“Como esse país era feliz quando a polarização era entre o PT e o PSDB. Como era feliz esse país quando a polarização era entre Dilma e o Alckmin, entre a Dilma e o Serra, entre eu e o Serra, eu e o Alckmin, eu e o Fernando Henrique Cardoso. A gente era civilizado”, disse Lula, sem citar Aécio Neves, de quem já foi próximo, mas com quem os petistas tiveram o pior dos embates, em 2014.
Ele lembrou o pedetista Leonel Brizola, dizendo que aprendeu que quando perdia deveria voltar para a casa, lamber as feridas e se preparar para a outra luta. Afirmou que precisamos perder para passar a valorizar, e elogiou especialmente Fernando Henrique, para quem perdeu duas eleições e de quem recebeu o posto de presidente da República em janeiro de 2003.
“A transição que nós fizemos com o Fernando Henrique Cardoso foi a transição mais civilizada que esse país conheceu. Então, você disputava uma eleição, mas você não estava em guerra. O teu adversário não era seu inimigo. Era possível você terminar um comício aqui em Porto Alegre, encontrar num bar com um adversário de outro partido e tomar uma cerveja junto”, disse Lula.
O petista questionou o que aconteceu no país em pouco tempo. Ele lembrou a luta contra a ditadura militar, afirmou que isso começou a ser desfeito com mentiras contra ele e comparou o discurso anti-política que dominou o país nos últimos anos com o discurso de nazistas.
Ao falar disso, elogiou políticos da esquerda sul-americana, como o ditador venezuelano Hugo Chávez, morto em 2013, e o colega boliviano Evo Morales. Segundo ele, essas mentiras, como ele chama, pariram “esse pequeno monstro político chamado Bolsonaro”.
Na sequência, fez várias críticas ao adversário, entre elas acusando o rival de insensibilidade diante da pandemia e da morte de milhares de brasileiros.
Apesar das declarações de Lula, a relação entre tucanos e petistas sempre registrou momentos de tensão. Lula e Alckmin, que agora estão juntos na chapa, já trocaram várias farpas públicas, principalmente em 2006, quando disputaram a presidência da República. Aquela eleição acabou sendo vencida pelo petista.