Nesta sexta-feira (22/11/24), a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizará uma audiência pública para debater o processo de licenciamento ambiental e os impactos do projeto Central Geradora Eólica Gameleiras. O empreendimento está previsto para ser instalado na Serra do Espinhaço, abrangendo os municípios de Santo Antônio do Retiro, Espinosa e Monte Azul, no Norte de Minas Gerais.

O encontro foi solicitado pela deputada Bella Gonçalves (Psol) e está marcado para as 10 horas, no Plenarinho IV da ALMG. A audiência contará com especialistas e representantes de entidades ambientais, que irão discutir as preocupações relacionadas ao impacto ambiental da instalação.

Segundo a Associação Mineira de Defesa do Ambiente (Amda), a empresa responsável, Complexo de Geração de Energias Gameleiras, obteve licença simplificada para construir o parque eólico, que ocupará áreas de grande altitude da Serra do Espinhaço, incluindo o Pico da Formosa, com 1.820 metros de altitude. O empreendimento prevê a instalação de 98 aerogeradores e a abertura de quase 60 quilômetros de estradas na região montanhosa.

Ambientalistas têm questionado o enquadramento do projeto como “de grande porte, mas pequeno potencial poluidor/degradador”. A Amda alerta que a construção pode causar impactos significativos, como a derrubada de vegetação nativa, destruição de afloramentos rochosos e prejuízos à fauna local. Além disso, o tráfego de carretas com equipamentos pesados, guindastes e máquinas para montagem das torres é visto como uma ameaça à biodiversidade e à integridade da região.

Entre os participantes da audiência estão Miguel Ângelo Andrade, professor da PUC Minas e Coordenador da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço; Eduardo Gomes de Assis, do Instituto Grande Sertão; Franklin Reginato Pereira Mendes, promotor de Justiça e Coordenador Regional das Promotorias de Justiça do Meio Ambiente das Bacias dos Rios Verde Grande e Pardo de Minas; e Lígia Vidal, assessora jurídica da Amda.

A reunião deve abordar não apenas os impactos ambientais diretos do projeto, mas também a viabilidade do licenciamento simplificado para empreendimentos desse porte em uma área de alta sensibilidade ambiental. A Serra do Espinhaço, reconhecida como Reserva da Biosfera pela Unesco, é uma região de importância ecológica e cultural, o que aumenta as preocupações em torno do projeto.

A audiência busca promover um diálogo entre especialistas, entidades ambientais, representantes do governo e a sociedade civil para avaliar os possíveis danos do empreendimento e discutir alternativas que minimizem os impactos. A deputada Bella Gonçalves reforçou a importância de uma análise criteriosa dos benefícios e prejuízos antes de qualquer avanço no projeto.

Foto: Ricardo Barbosa

 


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