O desperdício e a fome estão intimamente ligados. Cada produto que se perde ou vai para o lixo é uma chance a menos de alimentar alguém. E o assunto se torna ainda mais chocante quando nos deparamos com alguns dados.

Em relatório publicado nesta semana, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), a agência especializada do Sistema ONU que trabalha no combate à fome e à pobreza, estima que a quantidade de alimentos desperdiçados no mundo seria capaz de alimentar cerca de 1,26 bilhão de pessoas por ano.

A organização também estima que 828 milhões de pessoas foram afetadas pela fome no ano passado – um aumento de 46 milhões em relação a 2020.

Em Minas Gerais, mais de 233 mil famílias mineiras – o equivalente a 3,3% do estado – passam fome. Os dados constam na Pesquisa de Orçamentos Familiares 2017-2018: Análise da Segurança Alimentar no Brasil do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Uma das formas de tentar minimizar o problema são os bancos de alimentos, como o da Prefeitura de Belo Horizonte, que já completa 16 anos de atividades.

Como funciona

O programa recebe produtos considerados fora dos padrões de comercialização, mas ainda adequados ao consumo humano, contribuindo para a redução da fome e da insegurança alimentar.

O banco de alimentos da PBH conta atualmente com 54 doadores e parceiros fixos (entre supermercados, sacolões, centrais de distribuição, restaurantes, indústria e outros), e doadores eventuais (pessoas físicas, eventos e demais bancos de alimentos.

Cerca de 42 instituições são beneficiadas ativamente e estima-se que cerca de 5 mil pessoas são beneficiadas semanalmente com as doações.

Na pandemia, as doações eram feitas diretamente para famílias que estavam cadastradas em programas sociais específicos, chamados de atendimento emergencial complementar.

A estimativa é de que, entre março de 2020 e setembro de 2021, foram doadas 637 toneladas de alimentos, complementando aproximadamente 3,3 milhões de refeições.

Programa de Distribuição de Alimentos – Ceasa

O Centro Estadual de Abastecimento (CEASA), localizado em Contagem, Região Metropolitana de BH, também tem ações para combater a fome.

Desde 2006, o Programa de Distribuição de Alimentos (Prodal) recebe doações de alimentos de produtores e lojistas. E, após um processo de seleção e preparação, o Prodal distribui esses produtos para diversas instituições cadastradas (a instituição não doa diretamente para pessoas físicas).

De acordo com Ricardo Carnaval, presidente da Prodal, “o produto ideal para venda é aquele que está mais verde e vai aguentar ser distribuído e depois revendido ao público final. Então, os produtos mais maduros acabam sendo doados para nós, pois estão em perfeito estado nutricional, mas não são tão interessantes comercialmente”, explica.

Segundo Carnaval, cerca de 120 toneladas de alimentos são doadas todos os meses, beneficiando quase 28 mil pessoas por semana em 20 municípios. “Temos 247 instituições cadastradas. Desse total, 181 recebem o benefício de forma fixa e as outras recebem quando conseguimos um excedente na arrecadação”, destaca.

O presidente da entidade lamenta que, apesar do grande volume de doações, não é possível ajudar a todos que precisam. “Infelizmente não conseguimos atender toda a demanda. E, até mesmo por isso, não estamos cadastrando outras instituições no momento”, esclarece.

Desperdício no campo

O Prodal também tem outra fonte de atuação, diretamente no campo. “Identificamos que muitos alimentos são jogados fora pelo produtor rural, antes mesmo de chegar ao Ceasa. Geralmente, são produtos que não atendem ao padrão comercial do varejo por serem grandes demais, tortos ou quebrados”, explica.

Então, desde 2018, o Prodal busca estes alimentos (batata, mandioca, abóbora, cenoura e beterraba) que passam por um processo de desidratação, para que eles durem mais. Depois, são misturados com macarrão e soja. De acordo com Ricardo, 1kg desse mix pode render até 40 refeições.

“Uma das formas de manter o projeto é vender esse mix para empresas, que compram para doar a outras instituições. A cada mix vendido nós também doamos um e, assim, conseguimos ajudar em momentos críticos”, diz Ricardo Carnaval.

Segundo ele, a comida vai instituições e até para outros estados. “Doamos para o Sul da Bahia, no início do ano, depois das chuvas que arrasaram o local. E também para a polícia e outros grupos que doam o sopão diretamente ao público”, ressalta.

Além disso, pessoas físicas também podem comprar o produto e ajudar no projeto. “Por ser muito nutritivo e prático, muitos compram para ajudar e preparar em casa”, aponta.

“Uma das formas de manter o projeto é vender esse mix para empresas, que compram para doar a outras instituições. A cada mix vendido nós também doamos um e, assim, conseguimos ajudar em momentos críticos”, diz Ricardo Carnaval.

Segundo ele, a comida vai instituições e até para outros estados. “Doamos para o Sul da Bahia, no início do ano, depois das chuvas que arrasaram o local. E também para a polícia e outros grupos que doam o sopão diretamente ao público”, ressalta.

Além disso, pessoas físicas também podem comprar o produto e ajudar no projeto. “Por ser muito nutritivo e prático, muitos compram para ajudar e preparar em casa”, aponta.

“Este dado considera o que estava disponível em supermercados, sacolões, restaurantes e residências, ou seja, já aptos e disponibilizados para o consumo. Sem contar o que se desperdiçou ou se perdeu em toda a cadeia produtiva e de distribuição anterior a este ponto. Precisamos trabalhar para minimizar essas perdas e matar a fome de mais gente.”

Serviço 

Doações para a PBH e cadastro de instituições beneficiárias

Telefone: 3277-5713

E-mail: [email protected].

Doações para o Prodal 

Telefone: (31) 3399-3452