Lilian Rahal, secretária nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social do Brasil, foi recentemente reconhecida pela Fundação Bill & Melinda Gates como uma das dez principais lideranças globais em segurança alimentar. A inclusão de Rahal na lista “Goalkeepers 2024” é um reconhecimento do trabalho que vem sendo realizado no Brasil para enfrentar os desafios da fome e da insegurança alimentar, um problema que tem ganhado relevância mundial diante das crises econômicas e ambientais. O tema deste ano da lista é “Nutrição e Segurança Alimentar”.
O reconhecimento de Lilian Rahal reflete a retomada do protagonismo do Brasil na agenda internacional relacionada à segurança alimentar. O país, que havia conseguido sair do Mapa da Fome da ONU em 2014, voltou a enfrentar a crise de fome nos últimos anos devido à descontinuidade de políticas públicas e ao aumento da pobreza. Em 2023, o governo brasileiro colocou novamente o combate à fome como uma prioridade central, lançando programas que focam na redução da insegurança alimentar grave e na promoção de uma alimentação saudável.
Um dos programas emblemáticos dessa retomada é o “Plano Brasil Sem Fome”, que busca reduzir as taxas de pobreza e insegurança alimentar em todo o país. Além disso, a recriação da “Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional” foi uma medida essencial para a implementação de políticas mais robustas, que têm como foco principal os grupos mais vulneráveis.
Entre as iniciativas mais relevantes está o “Programa de Aquisição de Alimentos (PAA)”, que foi relançado em 2023. O PAA adquire alimentos diretamente da agricultura familiar e os destina a pessoas em situação de insegurança alimentar. O programa já movimentou mais de R$ 1 bilhão desde sua retomada, sendo o maior valor registrado em sua história. Até o momento, mais de 163 mil toneladas de alimentos foram distribuídas, beneficiando 81 mil agricultores familiares, dos quais 61% são mulheres. O PAA também tem priorizado a inclusão de grupos como indígenas, quilombolas, assentados e jovens agricultores, reforçando o compromisso com a inclusão social.
Outro destaque é o “Programa Cisternas”, que promove o acesso à água em áreas rurais pobres. Desde 2023, mais de 100 mil cisternas foram instaladas, ajudando a garantir água para consumo e produção em regiões como o Semiárido e a Amazônia. Desde sua criação, o programa já beneficiou mais de 1,2 milhão de famílias e foi premiado internacionalmente por seu impacto social.
Além da retomada de programas já existentes, novas iniciativas também foram criadas para ampliar o alcance das políticas de segurança alimentar. O “Programa Cozinha Solidária”, inspirado em ações da sociedade civil durante a pandemia de Covid-19, foi uma dessas inovações. O programa tem como objetivo fornecer refeições gratuitas de qualidade para pessoas em situação de vulnerabilidade, incluindo moradores de rua. Além da oferta de alimentação, o programa promove oficinas de formação e educação alimentar, fortalecendo a integração social em territórios vulneráveis.
Outra novidade é o “PAA Indígena“, que busca atender especificamente as necessidades alimentares das populações indígenas, um dos grupos mais afetados pela insegurança alimentar grave. O programa fortalece a produção local de alimentos e respeita os hábitos alimentares tradicionais dessas comunidades, ajudando-as a reduzir a dependência de cestas básicas doadas.
Para lidar com o desafio de fornecer alimentos adequados para uma população urbana crescente, foi lançada a “Estratégia Alimenta Cidades”, que tem como foco a ampliação do acesso a alimentos saudáveis em áreas urbanas, especialmente nas periferias. Essa iniciativa já está sendo implementada em 60 grandes municípios brasileiros e visa melhorar a produção e o consumo de alimentos adequados em regiões com alta concentração de pessoas em situação de vulnerabilidade social.
Além disso, o Brasil também está desenvolvendo o “Plano Setorial de Segurança Alimentar e Nutricional”, que faz parte do Plano Clima do governo, voltado para a adaptação às mudanças climáticas. O objetivo é garantir sistemas alimentares mais saudáveis, sustentáveis e resilientes diante dos desafios ambientais globais.
O reconhecimento de Lilian Rahal pela Fundação Bill & Melinda Gates destaca o papel crucial que o Brasil desempenha na promoção de políticas de segurança alimentar, não apenas no contexto nacional, mas também como modelo para outros países. O trabalho realizado no Brasil, especialmente em um momento de crise global de segurança alimentar, demonstra como políticas públicas eficazes podem transformar a vida de milhões de pessoas.