O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), confirmou sua intenção de disputar a Presidência da República nas eleições de 2026. A declaração foi feita nesta segunda-feira (28), um dia após a vitória de seu aliado Sandro Mabel (União Brasil) para a prefeitura de Goiânia. Mabel derrotou o candidato apoiado por Jair Bolsonaro, Fred Rodrigues (PL), obtendo 55,53% dos votos contra 44,47% de Rodrigues, conforme dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
A vitória em Goiânia, somada aos altos índices de aprovação de seu governo estadual, reforça a confiança de Caiado em sua trajetória para o Palácio do Planalto. “O que você pode ter certeza é que Ronaldo Caiado estará no páreo para a Presidência em 2026”, declarou o governador em entrevista ao “UOL”. “Eu serei candidato a presidente da República. Não há condicionantes para minha candidatura. Em 2026, estarei na disputa”, enfatizou, destacando que sua decisão é independente de outros possíveis nomes da direita, incluindo Jair Bolsonaro.
Caiado comentou ainda a possibilidade de outros governadores da direita entrarem na corrida presidencial, como Tarcísio de Freitas (SP), Ratinho Junior (PR), Eduardo Leite (RS) e Romeu Zema (MG). Para ele, a pluralidade de candidatos é algo “normal” e benéfico para a democracia. “Você terá quatro ou cinco candidatos da direita, e isso é absolutamente natural”, afirmou.
Em relação a especulações de que poderia concorrer ao Senado, Caiado afastou essa possibilidade. Ele ressaltou que seu foco é a candidatura presidencial, deixando claro que sua trajetória política já abrange os cargos legislativos. “Não voltarei ao Senado. Cumpri meu mandato como governador, estou no segundo mandato e, para mim, o caminho agora é a disputa pela Presidência da República”, explicou.
A entrevista ao “UOL” abordou também os conflitos entre Caiado e Bolsonaro, que vieram à tona durante a campanha em Goiânia, quando o ex-presidente criticou publicamente o governador. Caiado respondeu afirmando que tem uma trajetória sólida e que não se abala com ataques. “Tenho uma história de vida que não será definida por alguém que desconsidera minhas conquistas. Tenho credibilidade moral e intelectual para governar e para vencer eleições”, declarou, destacando que superou candidatos bolsonaristas em Goiás em duas ocasiões consecutivas.
O governador ainda se disse surpreso com o comportamento de Bolsonaro, que, segundo ele, interferiu na política local ao tentar impor candidatos em diversas cidades goianas sem consulta. “Bolsonaro e um de seus aliados, Wilder Morais, chegaram aqui e decidiram quem seriam os candidatos para Goiânia, Aparecida e Anápolis. Não vi esse tipo de imposição antes”, criticou. Caiado lamentou que Bolsonaro tenha ignorado as lideranças estaduais e afirmou que o ex-presidente “deveria aprender que apenas o número 22 do PL não elege ninguém”.
Caiado e Bolsonaro tiveram uma relação marcada por altos e baixos. Médico de formação, Caiado rompeu com Bolsonaro no início da pandemia de Covid-19, criticando a postura do governo federal diante das medidas de combate ao vírus. Mais tarde, houve uma reaproximação entre ambos, mas as divergências ressurgiram durante a recente campanha eleitoral.
Com Bolsonaro inelegível até 2030, por decisão do TSE, Caiado reforça sua disposição de representar a direita em 2026, reafirmando sua experiência política. Além dos dois mandatos como governador, ele já foi deputado federal (de 1991 a 1995 e de 1999 a 2015) e senador (de 2015 a 2019). Esta não será sua primeira tentativa de chegar à Presidência; ele concorreu ao cargo em 1989, ficando em 10º lugar no primeiro turno.
Caiado acredita que a vitória de Sandro Mabel fortalece sua trajetória e amplia sua visibilidade nacional, colocando-o em posição competitiva para disputar a sucessão presidencial.
Foto: Reprodução/Instagram