O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), comunicou a aliados que formalizará nesta terça-feira (29) seu apoio à candidatura do deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) para sucedê-lo na presidência da Casa. Embora Lira já atue nos bastidores em favor do parlamentar paraibano desde setembro, este será o primeiro endosso público ao nome de Motta. A forma de anúncio ainda não foi especificada, mas espera-se que o PP, partido de Lira, também oficialize o apoio. O Republicanos lançará Motta formalmente como candidato.
A eleição para a Mesa Diretora ocorrerá em fevereiro, e Lira, que não pode se reeleger, busca garantir a continuidade de sua influência política com um sucessor aliado. Motta e Lira têm concentrado esforços para obter o apoio do PT. Embora o partido ainda não tenha definido oficialmente sua posição, o líder da bancada, Odair Cunha (MG), indicou que a tendência é compor com Motta, a quem o Republicanos ofereceu o cargo de Primeira-Secretaria da Câmara, superior à Segunda-Secretaria atualmente ocupada pela deputada Maria do Rosário (PT-RS).
Motta enfrenta a concorrência de Antônio Brito (PSD-BA) e Elmar Nascimento (União-BA), que formaram uma aliança e se comprometeram a lançar como candidato o mais bem posicionado entre os dois próximos à eleição. Os adversários de Motta, que têm se apresentado como alternativas mais alinhadas ao governo, oferecem ao PT a Primeira Vice-Presidência, além de prometer uma gestão mais independente da direita. Fontes próximas a Brito e Elmar destacam que Motta, por já ter recebido apoio do PL, atrai uma base mais conservadora.
Aliados de Motta expressam preocupação com a cautela dos partidos em declarar apoio antecipado, especialmente após a desistência do deputado Marcos Pereira (Republicanos-SP), que abriu mão de sua candidatura em favor de Motta. PDT e PSB, que anteriormente haviam indicado apoio a Elmar, agora reconsideram sua posição.
Até setembro, Elmar era visto como o favorito de Lira, mas, com a mudança de apoio para Motta, deputados do União Brasil afirmam que o presidente da Câmara chegou a prometer apoio público a Elmar, algo que não se concretizou.
Em um gesto para fortalecer o diálogo com o PT, Motta participou, no dia 16, de um jantar na casa do deputado Rubens Pereira Júnior (PT-MA). Durante o encontro, Motta garantiu aos petistas que a anistia dos condenados pelos atos de 8 de janeiro não será tema de sua eventual gestão. Ele teria indicado que Lira resolveria essa questão ainda este ano. O compromisso de neutralidade sobre o tema foi bem recebido pelo PT, que vê a anistia como um ponto sensível.
Além disso, o PT busca garantias de que o próximo presidente da Câmara não adotará uma postura adversa ao presidente Lula, caso ele concorra à reeleição em 2026. Deputados petistas reconhecem que não podem exigir total alinhamento, mas esperam que os candidatos assumam compromissos mínimos de neutralidade ou apoio.
Na última semana, Lira e Motta compareceram juntos à 24ª Conferência Internacional Datagro sobre Açúcar e Etanol, em São Paulo. Foi a primeira vez que Motta discursou publicamente como candidato, onde enfatizou a necessidade de moderação e propôs um consenso entre direita e esquerda para a presidência da Câmara.
Foto: Mário Agra/Agência Câmara