22 anos depois as provas do assassinato de Paulinho, mais vivas do que nunca!

Nessa próxima segunda feira, dia 18 de abril de 2022 irá ocorrer, ou melhor, está designada nova sessão do Júri para julgar ÁLVARO IANHEZ, médico responsável por suspender todo e qualquer tratamento necessário à PAULINHO para a sua recuperação, quando passou a tratá-lo como doador.

Se existe alguém que é exemplo de luta neste país, seu nome é Paulo Pavesi.

Por outro lado, se existe alguém que é exemplo de impunidade nesse país, seu nome é ÁLVARO IANHEZ, que protelou seu julgamento por 22 anos.

Desde o dia que Paulinho caiu do prédio onde morava, em Poços de Caldas/MG quando brincava na área de lazer, até os dias atuais, Paulo Pavesi foi incansável na busca por Justiça, em um país repleto de injustiças.

É como tentar beber água no deserto.

Imagina você procurar um hospital, em desespero, com seu filho acidentado e entregá-lo nas mãos de MÉDICOS, certo que eles são as últimas fronteiras entre a vida e a morte de um paciente em estado delicado, jamais podendo imaginar que ali estava terminando uma vida de 10 anos e começando uma luta de 22.

O enredo é de filme de terror.

Transplantes ilegais com prontuários adulterados, são parte do cardápio.

Em 1991, CARLOS EDUARDO VENTURELLI MOSCONI, ex-deputado federal, urologista e membro da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), reuniu um grupo de “amigos” médicos e criaram uma “ONG” para a retirada e distribuição de órgãos no Sul de Minas. O Jornal Brasileiro de Transplantes, volume 1, nº 4 (out/nov/dez) publicou a fabulosa ideia do Sul de Minas.

Em 1997 a lei 9.434 determinou a partir de sua publicação, que todos os transplantes só poderiam ser realizados por equipes e instituições credenciadas.

A própria ABTO (Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos) publicou o texto, confirmando a ilegalidade das atividades deste grupo que só foi credenciado pela portaria 357 de 21 de julho de 1999.

Durante as investigações a equipe confessou sem maiores preocupações, a retirada sistemática de córneas, mesmo não possuindo credenciamento para tal prática, uma vez que a portaria somente permitia a retirada e implante de rins.

Porém, o mercado paralelo da doação de órgãos funciona quase que instantaneamente, e ÁLVARO IANHEZ já teria se comprometido em fornecer, não somente as córneas para terceiros “compradores”, mas também o fígado de PAULINHO para a Central Estadual.

A Central de Transplantes comandada por ÁLVARO IANHEZ era clandestina, pois não possuía sequer ato constitutivo ou mesmo CNPJ.

A Central Estadual é responsável por manter as listas estaduais e fazer a captação de órgãos para atender estas listas.

IANHEZ montava a sua lista paralela de acordo com as doações financeiras individuais de cada um.

IANHEZ atendia estes pacientes em sua clínica particular chamada NEPHROS.

Todos os rins doados na região ficavam com IANHEZ, uma vez que ele se autodenominava coordenador de uma Central que estranhamente o MINISTÈRIO DA SAÚDE não reconhecia, mas efetuava religiosamente os pagamentos das captações.

IANHEZ era o chefe da equipe de transplantes da Santa Casa.

Era a equipe de IANHEZ que fazia os implantes de rins na cidade.

Somente após a retirada de órgãos e a destinação dos mesmos estarem já definidas, que IANHEZ informava a CNCDO de BH.

E aí ficou comprovado que o SEGUNDO DIAGNÓSTICO DE MORTE ENCEFÁLICA DE PAULINHO JAMAIS FOI REALIZADO, MESMO SE TRATANDO DE PROCEDIMENTO ESSENCIAL PARA QUE SE OCORRA A DOAÇÃO DE ÓRGÃOS.

PAULINHO ainda possuía reflexos, e respondia a estímulos, porém “ELES” acreditavam que em mais algumas horas o óbito seria inevitável, principalmente quando todos os tratamentos terapêuticos estavam suspensos.

O certo é que Paulinho estava vivo, e a morte cerebral precisava acontecer antes da falência múltipla dos órgãos, ou essas negociações não iriam ocorrer pela “falta do produto”!

Sendo assim, a pressão sanguínea de PAULINHO se elevou tão logo recebeu uma dose de DOPAMINA, cujo nome comercial é REVIVAN e foi iniciado o plano macabro para a remoção.

Paulinho foi transferido para a Santa Casa, mesmo não havendo como justificar a transferência de um paciente vivo com o único objetivo de levá-lo para uma instituição autorizada a realizar a remoção de seus órgãos para transplante.

Às 13h00min PAULINHO foi colocado na UTI móvel ainda vivo e enviado para o HOSPITAL DA SANTA CASA.

No HOSPITAL DA SANTA CASA, nenhum exame clínico foi realizado para comprovar a morte de PAULINHO.

Durante a auditoria, o laudo desta arteriografia bem como as chapas, não foram encontradas.

Na verdade, nunca existiram, pois nunca foram realizadas.

Aí surge a força POLÍTICA dos envolvidos.

O laudo que não existia na auditoria, passou a fazer parte do inquérito da Polícia Federal, apresentando o resultado do exame às 13h35min, quando o próprio radiologista afirma que o exame teria se encerrado por volta das 17h00min.

O documento cujo título é Boletim do Centro Cirúrgico demonstra que PAULINHO foi submetido à cirurgia às 17h30min, quando lhe foi administrado uma ANESTESIA GERAL.

Às 17h40min após o início do efeito da anestesia, começaram os procedimentos para a retirada dos órgãos.

A cirurgia terminou às 19h30min e o corpo foi entregue à família.

A FICHA DE ANESTESIA e DESCRIÇÃO DE CIRURGIA que constam do prontuário médico, demonstram que PAULINHO estava vivo, já que não é necessário anestesiar um morto, visto ser incabível se aplicar ANESTESIA GERAL EM DOADOR EM MORTE ENCEFÁLICA!

SÉRGIO POLI administrou ANESTESIA GERAL com o uso de anestésico inalatório.

Se PAULINHO estivesse morto, não haveria a necessidade de se utilizar qualquer tipo de anestesia.

No caso de um doador de órgãos com morte encefálica diagnosticada, tal procedimento seria completamente inútil e desnecessário, uma vez que não há recuperação pós anestésica de cadáveres.

Após a anestesia geral teve início o procedimento cirúrgico para a retirada dos órgãos de PAULINHO, que ainda estava vivo.

O médico CELSO ROBERTO FRASSON SCAFI confirma isto anotando no relatório de descrição da cirurgia que PAULINHO estava sem M.E. (Morte encefálica).

A auditoria de Nº 33/00, concluiu que as córneas de PAULINHO foram indevidamente encaminhadas para o INSTITUTO PENIDO BURNIER em Campinas.

Duas crianças se beneficiaram com as córneas de PAULINHO.

Um morador da cidade de Campinas, com 7 anos, e um morador da cidade de Cuiabá, com 5 anos.

E para concluir, PAULINHO não foi necropsiado em total desacordo com os procedimentos investigatórios, bem como, nenhum dos doadores captados em Poços de Caldas de forma ilegal, o que demonstra mais uma vez a força política do grupo.

Tal atitude permitia aos médicos que retirassem os órgãos que desejassem sem que a família soubesse e isso foi constatado pela CPI do Tráfico de órgãos, instaurada após os absurdos ocorridos em Poços de Caldas terem se tornados públicos.

No último julgamento Paulo Pavesi esteve fisicamente presente, e seu depoimento merece ser visto por todas as pessoas corretas e justas deste país, https://www.youtube.com/watch?v=Ii75PVe0OsE, mas desta feita ele estará de maneira virtual, em vídeo conferência, haja vista estar exilado na Itália, devido as enormes perseguições que vem sofrendo desde que passou a lutar pela memória de seu filho.

Fique tranquilo Paulo Pavesi.

Serei seu combativo representante na sessão de julgamento, em homenagem a sua luta!

DINO MIRAGLIA
ADVOGADO DE PAULO PAVESI
ASSISTENTE DO MINISTÉRIO PÚBLICO NESTE CASO


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1 Comentário

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    caio brandao, abril 18, 2022 09:09 @ 09:09

    Você, meu caro Dino, tem sido guerreiro, em que pesem não apenas a morosidade, mas, também e principalmente, os labirintos da Justiça. Enfim, a luta continua e você não esmorece. Vá em frente e pau nos canalhas.

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