O ex-ministro da Justiça José Carlos Dias concedeu entrevista ao UOL News hoje e falou sobre o iminente risco de golpe que o Brasil corre atualmente com as constantes ameaças à democracia feitas pelo presidente Jair Bolsonaro (PL). Dias é um dos articuladores da nova carta aberta de apoio à democracia.

“Nós corremos um risco muito forte e nosso trabalho tem que ser para garantir a normalidade do estado democrático de direito. Nós estamos correndo risco iminente de um golpe e temos que ter coragem de dizer e enfrentar esse desafio”, disse durante participação no UOL News.

O ex-ministro, que também foi um dos articuladores da carta em defesa à democracia escrita em 1977 contra a ditadura militar, também fez um paralelo entre o que se viveu no passado e os dias atuais, afirmando que o Brasil não pode viver uma outra ditadura.

“Em 75 nós lutávamos contra a ditadura e hoje lutamos para preservar a democracia que está em risco e em perigo porque os atos praticados pelo presidente Jair Bolsonaro e toda sua turma realmente estão manifestando a necessidade de nós lutarmos contra a ditadura que pode chegar. Nós temos que lutar pela democracia no Brasil e esse é o momento que nós estamos segurando a nossa bandeira, que é a bandeira pela democracia”.

Apesar das críticas ao presidente Jair Bolsonaro (PL), Dias também fez questão de ressaltar que a carta é apartidária. “Não é um documento em favor de uma candidatura, não estamos aqui em uma campanha eleitoral. Estamos em uma luta institucional em defesa da democracia. Absolutamente não estamos escolhendo um candidato, mas estamos afirmando sim que do jeito que está o Brasil não pode continuar”.

O grande número de assinaturas e adesão à carta, para ele, se devem ao fato de a sociedade civil estar acordando para garantir seu direito ao voto e o respeito ao processo eleitoral. “Não podemos acreditar na classe política hoje, o nosso Congresso é conivente com as arbitrariedades praticadas pelo presidente Bolsonaro e a sociedade civil está dizendo basta. (…) o Brasil está na UTI e nós não podemos permitir que ele se torne um cadáver”.

Por fim, o ex-ministro da Justiça também falou em uma possibilidade de golpe caso Bolsonaro perca as eleições em outubro. “Temo que possa haver uma reação violenta se ele não conseguir se reeleger. Ele conta com o apoio das milícias, de uma parte das Forças Armadas e, portanto, tenho receio sim. Acho que, por esse motivo, temos que nos mobilizar para defender esse país”, finalizou.