Por Geraldo Elísio (Repórter)

É óbvio que poucos acreditarão em minhas mal traçadas linhas e, principalmente, nas informações nelas contidas. Mas o dever do jornalismo me impõe divulgar o que sei. A manchete principal das nove horas deste domingo sombrio do site Brasil 247 é de se chamar a atenção:

“China divulga lista de países bombardeados pelos EUA, que qualifica de ‘a verdadeira ameaça ao mundo’

“Entre os 248 conflitos armados ocorridos entre 1945 a 2001, 201 foram iniciados pelos EUA, representando 81% do número total”, destacam os chineses.

Lógico, Beijing dispõe de muitos mais dados do que eu, isto é indiscutível. Entretanto certas coisas saltam à vista, mesmo dispensando informações privilegiadas de sistemas militares de defesa em plantão. E sem significar que jornalistas estão tomando partido de alguns conflitantes.

Em tempos mais remotos, quando do Império Romano, Túlio Cícero invariavelmente terminava os seus discursos com a frase Delenda Cartago – Destruam Cartago. Se eu estiver errado, por favor, quem dispuser de dados contrários o espaço está aberto e eu publicarei o desmentido.

Na era moderna, a crise dos mísseis de Cuba ou a Crise de Outubro foi um confronto de 13 dias – 16–28 outubro de 1962- entre os Estados Unidos e a União Soviética relativa à implantação de balísticos soviéticos em Cuba. Foi o mais próximo que se chegou ao início de um conflito nuclear durante a Guerra Fria.

Mas deve ser observado que foi igualmente uma resposta: à fracassada Invasão da Baía dos Porcos – 1961 – e presença de balísticos PGM-19 Júpiter, dos EEUU na Itália e Turquia, levando Nikita Khrushchev a aceitar o pedido de Cuba para colocar mísseis nucleares na Ilha para deter eventuais invasões estadunidenses. O acordo foi alcançado com uma reunião secreta entre Kruschev e Fidel Castro em julho. A construção das instalações de lançamento começou depois do verão.

Ah, detalhe importante. Uma eleição estava em curso nos Estados Unidos. Washington negou as acusações de ignorar os mísseis a 145 quilômetros da Flórida. As preparações de mísseis foram detectadas o avião espião Lockheed U-2 produziu provas fotográficas dos R-12 Dvina e R-14 Chusovaya.

Os norte americano estabeleceram um bloqueio militar para evitar que “novos mísseis entrassem em Cuba e anunciou não permitir a entrega de armas ofensivas entregues a Cuba, além de exigir as armas já entregues desmontadas e levadas de volta à URSS.

Alcançado o acordo entre Kennedy e Kruschev, publicamente, os russos desmantelaram as armas em e as levaram para a casa, sob verificação das Nações Unidas. Em troca de declaração pública dos EE.UU de nunca invadir Cuba sem provocação direta. Secretamente, os Estados Unidos concordaram ainda desmantelar a rede de mísseis Júpiter que foi implantada na Turquia e Itália contra a União Soviética, que não era conhecida do público.

Nikita Kruschev, o Primeiro-ministro da URSS na época, afirmou que os mísseis nucleares eram apenas defensivos, e que tinham sido lá instalados para dissuadir outra tentativa de invasão da ilha. Dezoito meses antes, em 17 de abril de 1961, o governo Kennedy já havia empreendido a desastrada invasão da Baía dos Porcos.

Segundo Kennedy, “os Estados Unidos não poderiam admitir a existência de mísseis nucleares daquela dimensão a escassos 150 quilômetros do seu território.” Ele avisou Khruschev de que os EUA não teriam dúvidas em usar armas nucleares contra Cuba, sem os soviéticos desativarem os silos e retirassem os mísseis da ilha.

“O ponto culminante foi o ‘sábado negro”, 27 de outubro. “Um avião espião americano foi abatido sobre Cuba e o piloto morreu.” As negociações se tornaram difíceis. Mas Kruschev, secretamente conseguiu a futura retirada dos mísseis norte-americanos da Turquia. E um acordo para que os EUA nunca invadissem a ilha vizinha, a seguir concordando em remover os mísseis de Cuba.

Na televisão, todos os canais federais dos EUA interromperam os programas e transmitiram o comunicado urgente de Kruschev.

Segundo documentos revelados pelo National Security Archive em 2012, até o Brasil participou em segredo das negociações. Finalmente João Goulart, em carta redigida por San Tiago Dantas após demorada reunião, se mostrou contra uma invasão em Cuba, ficando em favor dos princípios de autodeterminação dos povos.

Se eu sei disso, muito mais sabe Joe Biden agora na crise envolvendo o Caribe. E muito mais relevância ganha à história que não pode ser desmentida, agora, na crise da Ucrânia.

Em resumo, mais que sintético, podem os norte-americanos cercar Moscou e seus aliados, mas em hipótese alguma querem permitir que outros os cerquem. E indago-me, onde fica a ONU na observância de tais questões? Só falta ao Tio Sam pedir uma carta assinada por todos os povos da terra dizendo serem eles os donos do mundo.

E apresentar um registro assinado em cartório do Céu, como diria o poetinha Vinícius de Moraes, garantindo que é assim mesmo e ser mentira o documento liberado por Beijing. Portanto, sendo verdade tudo o que se emana da Casa Branca.

A todas as pessoas citadas nesta matéria automaticamente é garantido o direito da resposta no espaço tamanho e corpo.