A partir desta sexta-feira, 4 de março de 2022, está dispensado o uso de máscaras ao ar livre em Belo Horizonte. A liberação vem quase dois anos após a decretação da pandemia da COVID-19, em 11 de março de 2020.
Conforme o Decreto nº 17.894, publicado no Diário Oficial do Município (DOM), para dispensar a obrigatoriedade do uso de máscara em ambientes abertos, a Prefeitura de Belo Horizonte considerou uma série de fatores, entre eles a redução do RT, que é a taxa de transmissão da COVID-19 em Belo Horizonte, que “vem se mantendo de forma continuada abaixo de 1,00 e hoje está em 0,75”; a redução dos casos que exigem internações hospitalares; e que 83% da população está completamente imunizada com a vacinação.
Assim, com a publicação do decreto, “a obrigatoriedade de uso de máscara ou cobertura facial sobre o nariz e a boca fica dispensada em ambientes completamente abertos”. Mas, é importante destacar que a máscara ainda deve ser usada em qualquer lugar fechado e também no transporte público, como nos ônibus e no metrô. O uso de máscara também é necessário em locais abertos com aglomerações.
Além disso, “regras específicas, constantes em protocolos de saúde publicados pela Secretaria Municipal de Saúde, podem estabelecer exigências para uso de máscara em determinadas atividades em locais abertos, bem como dispensar o uso de máscara para práticas esportivas em locais fechados”, conclui o decreto assinado pelo prefeito Alexandre Kalil (PSD).
O decreto que tornou obrigatório o uso de máscaras em BH foi publicado no DOM em 17 de abril de 2020 e passou a faler na segunda-feira seguinte, dia 22. A regra era válida por tempo indeterminado.
Especialista recomenda atenção
De acordo com o boletim epidemiológico e assistencial da PBH, o chamado fator RT, que mede a velocidade da transmissão do vírus, mostrou queda gradativa desde o fim de 2021.
O indicador saiu de 1,03 em 3 de dezembro, alcançou o ápice recente em 21 de janeiro, quando chegou a 1,19, e recuou a 0,74 no último dia 25. Ontem, manteve relativa estabilidade, tendo marcado 0,75. Quando permanece abaixo da pontuação um, o RT indica controle.
Desde o começo da pandemia, a capital acumula 344.804 casos da infecção viral e 7.449 óbitos. O balanço de indicadores da doença mostrava, ainda ontem, taxas de ocupação de 40,1% dos leitos de unidades de terapia intensiva (UTIs) e de 36,1% nos equipamentos de enfermaria, ambos dedicados a pacientes com a COVID-19.
Da população residente em BH, de 2,521 milhões, 90% estão vacinados com a 1ª dose e dose única contra a COVID-19; 83,2% foram imunizados com a 2ª dose e injeção única e 40,4% tomaram o reforço ou dose adicional.
“O comitê já se reuniu e falou que não precisa (de máscara). Eu aconselho usar. Claro que vamos preservar o transporte público e locais fechados. Estamos aliviando a cidade pelo esforço que foi feito, pelo sacrifício que foi feito por toda população. Reconhecemos e vamos ajudar”, destacou o prefeito Alexandre Kalil em entrevista coletiva nessa quinta-feira (3/3).
A microbiologista Viviane Alves, professora do Departamento de Microbiologia do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), é uma das especialistas que defenderam o uso de máscaras durante o início da pandemia e, agora, considera prudente abandonar o acessório, ao considerar uma série de prerrogativas. Entre elas, menciona a cobertura vacinal.
“Considerando a queda no número de casos, uma queda no número de mortes, avanço da vacinação. Hoje, Minas Gerais é o 5º estado na cobertura vacinal. Então, é uma medida sensata nos ambientes abertos. Só que as pessoas têm que ter consciência de que, mesmo em ambientes abertos, manter a proximidade é um risco”, alerta.
A especialista Viviane Alves lembra que ainda há variantes do coronavírus circulando e, embora apoie a liberação parcial do uso de máscaras, tendo em vista os dados epidemiológicos da pandemia, recomenda medidas de prevenção.
“Desde que as pessoas mantenham distanciamento, esse ambiente tenha circulação de ar adequada, como parques e praças, não há problema nenhum em ficar sem máscara, mas uma vez que haja aglomeração, em que as pessoas estejam, por exemplo, num bar, que seja no lado aberto, mas se esse bar tem mesas muito próximas, é tentar usar a máscara.”
A microbiologista ainda orienta que pessoas com baixa imunidade não deixem de usar a proteção facial. “Aquelas pessoas que desejam continuar usando a máscara em ambientes abertos poderão fazê-lo. As pessoas que tiverem receio de se infectar, têm problemas com imunossupressão, ou seja, têm uma imunidade mais baixa ou debilitada por causa de medicamentos ou doenças genéticas, que se protejam”, recomenda.