“Um homem de classe média está acostumado a ser sempre servido. Um dia, de repente, a funcionária que trabalha em sua casa desaparece misteriosamente. Ele, então, começa a mergulhar no caos que vai tomando proporções catastróficas.” Essa bem que poderia ser uma notícia do cotidiano, mas é a história central do filme “Solange Não Veio Hoje”, dirigido pelos cineastas baianos Hilda Lopes Pontes e Klaus Hastenreiter, sócios da produtora Olho de Vidro Produções.
A obra começou a circular por eventos voltados para o cinema no país e já colhe resultados. Em apenas um mês, o filme já recebeu seis premiações em festivais de três estados diferentes: Bahia, Rio de Janeiro e Alagoas. Na Mostra de Cinema Contemporâneo do Nordeste, realizada em Feira de Santana, ganhou o prêmio de Melhor Curta pelo Júri Popular. Já no Festival de Paraty, no Rio de Janeiro, foram duas premiações: Melhor Roteiro e Melhor Curta pelo Júri da Crítica. Em Alagoas, no Festival de Arapiraca, o filme trouxe para casa mais três prêmios: Melhor Direção de Arte, sob responsabilidade de Angela Carballal, Melhor Direção de Fotografia, desempenhado por Thiago Duarte e Melhor Ator para Marcelo Praddo.
“É sempre uma alegria enorme ver essas oportunidades de janela de exibição, principalmente pela nossa relação com o público. Tivemos sessões incríveis nos últimos festivais em que participamos, com direito a muitas risadas, reações e até palmas no ritmo da música nos créditos finais. Para gente, essa possibilidade de tocar a plateia, criar laços de identificação e alcançar pessoas do Brasil todo, é o melhor prêmio que poderíamos receber”, comenta Klaus Hastenreiter, diretor do filme.
Para Hilda Lopes Pontes, com quem divide a direção da obra, o êxito com as premiações vem também do trabalho em equipe, lembrando que cinema é feito a muitas mãos. “Fico bastante contente com as premiações, porque eu acho que o cinema baiano precisa dessa visibilidade. Nosso maior mérito é a equipe que a gente anda formando, de profissionais muito competentes, talentosos, inteligentes e dedicados. Eu tenho muito orgulho desse trabalho, que é uma construção coletiva e dá para ver isso pelo resultado do filme, onde todos trabalharam de uma maneira muito generosa. O prêmio também é um incentivo para a nossa produtora, que é independente, e termina sendo um estímulo para que novos projetos possam surgir.”
Klaus Hastenreiter também assina o roteiro de ‘Solange não veio Hoje’, que surgiu como uma ideia de filme de comédia, em 2018 , mas à medida que foi sendo desenvolvido, ganhou um pouco de horror na história. “Seria um tom mais exagerado, uma comédia mais escrachada e o deboche do personagem principal, fruto de uma aristocracia cafona que temos na Bahia, estaria em maior destaque. Com o tempo, percebendo as mudanças políticas e sociais vividas pelo Brasil após a eleição de 2018, sentimos que o filme merecia ter um outro tom e que se aprofundasse mais no estudo de personagem do que na chacota em si. E essa inspiração partiu do meu estranhamento ao longo de minha vida ao ver homens sendo sempre servidos por mulheres. Homens que não conseguiam cozinhar e nem ao menos colocar sua própria comida no prato. Em um caso específico, houve até uma situação onde um deles passou uma semana inteira comendo biscoito recheado quando sua esposa viajou. Esse foi o estopim pra ‘Solange’ e toda a desestruturação na vida de Alan com sua ausência”, finaliza.
E os trabalhos não param por aqui. Além do filme ‘Solange Não Veio Hoje’ participar de mais festivais de cinema pelo país, a Olho de Vidro Produções inicia, em dezembro, as gravações do filme ‘Dona Lourdes’, dirigido por Hilda Lopes Pontes e Klaus Hastenreiter, com roteiro de Klaus Hastenreiter e estrelado pela atriz baiana Luciana Souza.
A distribuição do filme ‘Solange Não Veio Hoje’ foi contemplado nos Editais da Paulo Gustavo Bahia e tem apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura via Lei Paulo Gustavo, direcionada pelo Ministério da Cultura, Governo Federal. Paulo Gustavo Bahia (PGBA) foi criada para a efetivação das ações emergenciais de apoio ao setor cultural, visando cumprir a Lei Complementar nº 195, de 8 de julho de 2022.
Olho de Vidro Produções
A Olho de Vidro Produções está celebrando 10 anos de criação e traz em seu portfólio produções de cinema de gênero, como a comédia, o horror e o fantástico. Com curtas-metragens como “Não Falo com Estranhos” (2017), “Onze Minutos” (2018), “Pelano!” (2019), “Mamãe!” (2021) e “Solange Não Veio Hoje” (2023), a produtora baiana acumula mais de 70 prêmios e mais de 500 seleções em festivais nacionais e internacionais de cinema, como Festival de Brasília, Mostra de Tiradentes, Cine PE e Panorama Internacional Coisa de Cinema.
A produtora já realizou duas edições do “Curso de Cinema Independente” e uma edição do “Matura Cine – Aprendendo Cinema após os 50”, iniciativas que visam ampliar o acesso ao conhecimento cinematográfico em diversos setores da sociedade. Além disso, a empresa foi uma das responsáveis pela realização de seis edições da mostra “Lugar de Mulher é no Cinema”, um festival de cinema baiano que destaca filmes feitos por mulheres e pessoas não-binárias. Em 2022, também produziu o podcast “Nosso Cinema”, que apresenta uma série de entrevistas com cineastas mulheres baianas. Em 2024, realizou o LabQueer, laboratório de roteiro voltado para profissionais baianos LGBTQIAPN+, e também apresenta, em outubro, a 1ª edição do Curta Bahia, a ser realizado no município de Santo Estevão.