O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), enfrenta um cenário político desafiador enquanto se aproxima o processo de sucessão estadual em 2026. O senador Cleitinho (Republicanos) desponta como um dos principais nomes para a disputa, especialmente após a pesquisa Quaest de dezembro, que o colocou na liderança com 26% das intenções de voto. Cleitinho tem atraído o apoio de partidos de direita, consolidando-se como uma figura viável para o campo conservador.

Embora Zema oficialmente apoie a candidatura de seu vice, professor Mateus Simões (Novo), ele tem emitido sinais ambíguos sobre o senador. Em entrevista ao jornal O Globo, o governador sugeriu que Cleitinho, assim como o deputado Nikolas Ferreira (PL), tem perfil mais adequado para o Legislativo. “Nikolas e Cleitinho são pessoas bem mais novas e poderiam pegar o estado em uma condição mais arrumada se esperarem mais quatro anos. Vejo eles também mais com o perfil de parlamentar”, declarou.

A declaração causou desconforto em Cleitinho, que rebateu. “Como vou ter postura de Executivo, se estou no Legislativo? Se eu falar que não quero ser candidato a governador, estaria mentindo. E vai ser até bom concorrer para calar a boca de alguns que dizem que eu faço apenas falatório”, afirmou o senador.

Mesmo com o apoio público a Mateus Simões, articuladores políticos de Zema admitem que Cleitinho apresenta maior viabilidade eleitoral. Quando questionado sobre a possibilidade de desistir do vice para apoiar o senador, o governador não descartou a ideia. “Na política, tudo é possível. Tem hora que você tem que fazer coisas que te desagradam para manter o time guiado”, declarou.

Por outro lado, Cleitinho avalia que Zema tenta se manter neutro para evitar atritos. “Ele não me apoiou em 2022. Não fez falta, eu ganhei. Se não me apoiar de novo, respeito ele. O que eu preciso é do povo”, afirmou. Apesar dessa postura crítica, o senador acredita que Zema manterá fidelidade ao vice. Entretanto, aliados do governador enxergam Mateus Simões como um nome frágil, com apenas 2% das intenções de voto, segundo a mesma pesquisa Quaest.

Enquanto isso, outros nomes também surgem no campo da direita. O deputado Nikolas Ferreira é mencionado como possível candidato, mas fontes ligadas ao parlamentar indicam que ele deve permanecer na Câmara dos Deputados. Já Cleitinho, eleito senador em 2022, tem mandato garantido até 2030, o que lhe proporciona margem para concorrer ao governo sem grandes custos políticos.

Um elemento recente no cenário é a aproximação de Cleitinho com aliados do Partido Novo. Uma ala da legenda defende, ainda que de forma não oficial, que o senador se filie ao partido para disputar o governo com o apoio de Zema. Cleitinho, por sua vez, insiste em sua independência. Junto a seus irmãos — o prefeito de Divinópolis, Gleidson Azevedo (Novo), e o deputado estadual Eduardo Azevedo (PL) —, o senador construiu um projeto de poder desvinculado de compromissos partidários. Isso ficou claro nas eleições municipais de Belo Horizonte, quando, mesmo filiado ao Republicanos, Cleitinho apoiou Bruno Engler (PL) em detrimento do candidato de seu partido, Mauro Tramonte.

Apesar de sua postura autônoma, articuladores dos irmãos Azevedo avaliam que a filiação de Cleitinho ao Novo poderia fortalecer suas chances de obter o apoio de Zema. Para Gleidson Azevedo, o cenário aponta para uma construção conjunta. “Acredito que o governador vai apoiar Cleitinho, sim, mas eles ainda vão construir”, declarou.

A relação entre Cleitinho e Zema tem sido conturbada desde o início. Em 2018, os dois compartilharam o mesmo palanque, com Cleitinho eleito deputado estadual e Zema governador. No entanto, o alinhamento não durou. Em 2022, Cleitinho criticou Zema por não o apoiar ao Senado, classificando o governador como “ingrato”. Zema optou por apoiar Marcelo Aro (PP), que terminou em terceiro lugar na disputa.

Já no Senado, Cleitinho voltou a integrar a base de apoio ao governo estadual, mas não poupou críticas à gestão de Zema, particularmente em questões administrativas. O senador também protagonizou novos embates em 2023, quando os dois apoiaram candidatos opostos nas eleições municipais de Belo Horizonte.

Com Cleitinho liderando as pesquisas e Zema ainda indeciso quanto ao apoio, o cenário para 2026 permanece em aberto. O governador terá de equilibrar lealdades partidárias com a necessidade de garantir a continuidade de seu projeto político em Minas Gerais. Enquanto isso, Cleitinho segue se consolidando como um dos principais protagonistas da sucessão, apostando em seu carisma e na conexão direta com o eleitorado para superar os desafios que surgirem no caminho.

Foto: Agência Minas

 

 

 


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