O Hamas anunciou nesta quinta-feira (20) o lançamento de foguetes contra Tel Aviv, em resposta ao crescente número de civis palestinos mortos após a retomada das operações militares israelenses em Gaza.
Israel conduziu sua ofensiva mais letal desde o início da trégua em janeiro, resultando na morte de centenas de pessoas, segundo o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, governada pelo Hamas. De acordo com a Defesa Civil do território, pelo menos 504 pessoas, incluindo 190 crianças, morreram desde a retomada das operações na madrugada de terça-feira.
Diante desse “massacre de civis”, o braço armado do Hamas anunciou o disparo de foguetes contra Tel Aviv, acionando as sirenes de alerta na cidade. O Exército israelense informou ter interceptado um projétil lançado de Gaza, enquanto outros dois caíram em áreas desabitadas.
Israel também relatou a interceptação de um míssil disparado do Iêmen, onde rebeldes huthis, apoiados pelo Irã, afirmaram ter como alvo o Aeroporto Internacional Ben Gurion.
A ofensiva israelense interrompeu a relativa calma em Gaza desde a trégua de 19 de janeiro, após meses de combates que devastaram o território. No Hospital Indonésio, no norte de Gaza, famílias lamentavam seus mortos, enquanto Mohamed Hussein apelava à comunidade internacional por um cessar-fogo.
Nesta quinta-feira, o Exército israelense impôs restrições de circulação na principal estrada entre o norte e o sul de Gaza e iniciou “operações terrestres direcionadas” para expandir sua zona de segurança. Também orientou os moradores do sul de Gaza a evacuarem suas casas antes de novos bombardeios.
O chefe da Agência da ONU para Refugiados da Palestina (UNRWA), Philippe Lazzarini, criticou as “provações desumanas” enfrentadas pelos palestinos desde a retomada da ofensiva israelense. A ONU informou que um de seus funcionários morreu e outros cinco ficaram feridos em Deir al-Balah devido a um “dispositivo explosivo”. O Ministério da Saúde do Hamas culpou Israel, que, por sua vez, negou ter bombardeado um prédio da ONU. O governo israelense investiga as circunstâncias da morte de um cidadão búlgaro que trabalhava para a ONU.
Os ataques israelenses, coordenados com os Estados Unidos, provocaram indignação em países árabes, no Irã e na Europa. Internamente, cresce a pressão sobre o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu por parte das famílias dos reféns mantidos em Gaza.
Das 251 pessoas sequestradas pelo Hamas no ataque de 7 de outubro de 2023, 58 permanecem em cativeiro, sendo que 34 foram declaradas mortas pelo Exército israelense. Durante a primeira fase da trégua, encerrada em 1º de março, 33 reféns foram devolvidos a Israel, oito deles mortos, enquanto cerca de 1.800 palestinos foram libertados.
Desde então, as negociações mediadas por Catar, Estados Unidos e Egito estão paralisadas. O Hamas busca avançar para a segunda fase do acordo, que inclui um cessar-fogo permanente, a retirada israelense de Gaza, a reabertura de passagens fronteiriças para ajuda humanitária e a libertação dos reféns restantes. Israel, no entanto, quer prolongar a primeira fase até meados de abril e exige a “desmilitarização” de Gaza e a remoção do Hamas do controle do território para seguir com as negociações.
Foto: Jaafar Ashtiyeh