Aliados do presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, Juliano Lopes (Podemos), conquistaram maioria em seis das oito comissões permanentes da Casa. Entre elas, está a Comissão de Legislação e Justiça, considerada a mais estratégica, pois possui autonomia para barrar projetos que receberem parecer contrário.
A composição das comissões, cada uma formada por cinco vereadores, foi divulgada no Diário Oficial do Município (DOM) no último sábado (1º de fevereiro). Todas as proposições legislativas devem passar por essas instâncias antes da votação em Plenário.
Para qualquer governo, é fundamental garantir maioria nas comissões para evitar atrasos ou rejeições de projetos de interesse do Executivo. Durante a gestão do prefeito afastado Fuad Noman (PSD), essa maioria foi mantida, facilitando a aprovação de matérias. No entanto, a eleição da nova mesa diretora da Câmara, vencida por Juliano em 1º de janeiro, alterou essa configuração. O adversário derrotado foi Bruno Miranda (PDT), então líder de governo.
Na Comissão de Legislação e Justiça, quatro dos cinco integrantes apoiaram Juliano: Michelly Siqueira (PRD), Fernanda Altoé (Novo), Uner Augusto (PL) e Vile (PL). O único representante do governo na instância é Edmar Branco (PCdoB).
O presidente da Câmara define os membros das comissões a partir das indicações partidárias. “Buscamos contemplar todos os grupos”, afirmou Juliano Lopes. Na Comissão de Administração Pública, Helton Júnior (PSD) e Juninho Los Hermanos (Avante) não votaram no presidente da Casa, enquanto Claudio do Mundo Novo (PL), Sargento Jalyson (PL) e Wagner Ferreira (PV) o apoiaram.
Na Comissão de Orçamento e Finanças, a situação se repete: apenas Arruda (Republicanos) votou com o prefeito, enquanto Diego Sanches (Solidariedade), Leonardo Ângelo (Cidadania), Marilda Portela (PL) e Marcela Trópia (Novo) apoiaram Juliano.
Bruno Miranda, líder do governo na Câmara, reconhece a predominância do grupo de Juliano, mas acredita que ainda há espaço para diálogo. “Podemos enfrentar dificuldades pontuais, mas a relação com o Legislativo continua aberta”, afirmou. Miranda compõe a Comissão de Direitos Humanos, Habitação, Igualdade Racial e Defesa do Consumidor, a única totalmente alinhada à prefeitura, ao lado de Juhlia Santos (PSOL), Loíde Gonçalves (MDB), Pedro Rousseff (PT) e Pedro Patrus (PT), todos apoiadores do governo.
A outra comissão com maioria governista é a de Saúde, com Bruno Pedralva (PT), Helinho da Farmácia (PSD) e Maninho Felix (PSD) ao lado da prefeitura. José Ferreira (Podemos) e Neném da Farmácia (Mobiliza) votaram em Juliano.
As demais comissões sob influência do presidente da Câmara são Meio Ambiente, Defesa dos Animais e Política Urbana; Mobilidade Urbana, Indústria, Comércio e Serviços; e Educação, Ciência, Tecnologia, Cultura, Desporto, Lazer e Turismo. No Meio Ambiente, três dos cinco membros apoiam Juliano: Janaína Cardoso (União), Osvaldo Lopes (Republicanos) e Wanderley Porto (PRD), enquanto Iza Lourença (PSOL) e Luíza Dulci (PT) são governistas.
Na Mobilidade Urbana, Braulio Lara (Novo), Pablo Almeida (PL) e Rudson Paixão (Solidariedade) são alinhados ao presidente da Casa, enquanto Lucas Ganem (Podemos) e Cleiton Xavier (MDB) apoiam a prefeitura.
Já na Educação, três dos cinco vereadores – Tileleo (PP), Flávia Borja (DC) e Professora Marli (PP) – votaram em Juliano. Do lado governista, Irlan Melo (Republicanos) e Cida Falabella (PSOL) compõem a comissão.
A nova configuração da Câmara será testada na próxima semana, com a eleição dos presidentes das comissões. No Plenário, a prefeitura terá um primeiro desafio já nesta terça-feira (4 de fevereiro), quando será analisado o veto do prefeito Fuad a um projeto de lei da vereadora Loíde Gonçalves. A proposta permite a desafetação de uma área no bairro Tupi, na regional Norte da cidade.
Foto: Dara Ribeiro/CMBH