Por Marco Aurelio Carone
Para políticos experientes, tarefa mais difícil do que se eleger é a de montar a estrutura de campanha. Principalmente porque as pessoas que a coordenam devem colocar acima de seus interesses e predileções partidárias, a eleição do candidato. Lógica nitidamente contraria a que vem ocorrendo em relação a campanha do pré-candidato Kalil.
Como justificar que o principal coordenador de sua campanha se encontre com um candidato adversário, não por acaso, e de publicidade ao fato? Que não possa contrariar seus colegas de parlamento – mesmo os adversários da campanha que coordena – pois precisa de seus votos para concretizar sua declarada pretensão, “ser eleito pela casa legislativa conselheiro do tribunal de contas”.
A formulação da agenda de um candidato majoritário é algo primordial não podendo estar sujeita a outra análise que não seja a de somar votos para o candidato. Para o mais simplório conhecedor da política; ou o candidato majoritário consegue seguir está estratégia, ou estará cumprindo uma agenda não para ele se eleger e sim como puxador de voto para candidatos proporcionais.
No caso do pré-candidato Kalil, fica clara a preocupação dos assessores conservadores em não aproximar a campanha de Kalil com a de Lula, para evitar que os partidos de esquerda façam uma representativa bancada nas casas legislativas. Evidente que esta prática vai de encontro ao que todas pesquisas indicam, se Kalil conseguir colar em Lula ele derrota seus adversários. Evidente que o PT e outros partidos de esquerda tem capilaridade em toda Minas Gerais, desta forma terão seus candidatos a deputado estadual e federal.
Se Kalil é candidato em uma aliança com o PT e a esquerda, porque não formular uma agenda que aproveite a capilaridade dos partidos? Evidente que onde tiver PT e outros partidos de esquerda, tem Lula. O desprezo desta lógica pela coordenação na montagem da agenda fica clara, nas pesquisas, onde em municípios que Lula ganha, Kalil não o acompanha.
Atualmente as assessorias, do pré-candidato Kalil não falam para fora, só para dentro. A aposta na propaganda eleitoral gratuita na TV e rádio é algo para o final de agosto. E até lá, vão deixar o tempo passar? Embora confusa, a agenda do candidato é quase um segredo, pois não é disponibilizada para os veículos da denominada “mídia independente”, como se dois jornais e duas rádios fossem o centro do universo, desconsiderando uma prova viva a -comprovada pelas pesquisas – campanha de Lula, que sabidamente tem contra si os grandes jornais, revistas e redes de TV e rádio.
O mais grave, veículos da mídia claramente opositora – por motivos óbvios – ao candidato, são prioritários para os assessores com o pueril discurso que podem domesticá-los. Na verdade, os laços profissionais anteriores, turvam sua visão, ou o pior procuram manter o Status Quo, dos veículos atuais, pois é a proximidade com estes que justificam sua presença.
Adotando aquele velho costume mineiro, se é próximo vai ter uma interlocução melhor e conseguir um valor mais em conta nas publicações, algo desassociado do discurso que Lula defende ” um novo marco regulatório dos meios de comunicação”.
É necessário reconhecer que o candidato Kalil se encontra numa situação delicada, pois a chave do cofre está nas mãos dos conservadores. Quem sabe tudo muda com a chegada do marqueteiro Juliano Corbellini e da ex-deputada gaúcha Manuela D’Ávila, responsável pela área digital.
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