O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), deixou passar o mês de agosto sem cumprir a promessa de indicar seu candidato à sucessão do comando da Casa Legislativa, conforme havia prometido. O adiamento, segundo aliados, reflete incertezas de Lira, deixando a disputa pela presidência da Câmara em aberto.
Até a última semana de agosto, Elmar Nascimento, líder do União Brasil, estava otimista, circulando pelos corredores da Câmara com a confiança de que seria o escolhido por Lira após a reunião deste com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Os dois se encontraram em uma reunião fora da agenda no dia 28, mas Lira saiu sem garantir a indicação. Segundo fontes do Planalto, ele apenas apresentou “cenários” sobre a sucessão.
Aliados de Lira no centrão acreditam que ele tem dúvidas sobre a viabilidade de Elmar em plenário, especialmente considerando a insatisfação do “baixo clero”, que se queixa da falta de atenção de Lira. Por isso, outros nomes estão sendo considerados, com destaque para Marcos Pereira (Republicanos-SP) e Antonio Brito (PSD-BA). Isnaldo Bulhões (MDB-AL) e Hugo Motta (Republicanos-PA) também estão na disputa, mas com menos chances.
Marcos Pereira, que tem boa relação com o governo e com deputados de direita e do centrão, enfrenta alguma resistência do PL, partido de Bolsonaro, mas busca consenso entre os candidatos. Antonio Brito, por sua vez, já avisou que concorrerá à presidência da Câmara com ou sem o apoio de Lira, o que pode dividir votos.
Isnaldo Bulhões enfrenta uma tarefa estratégica: viabilizar sua candidatura com uma aliança inédita entre Lira e Renan Calheiros (MDB-AL), rival histórico de Lira. Já Hugo Motta, visto como um nome de consenso, é candidato natural do Republicanos, mas está comprometido em apoiar Marcos Pereira.
Independentemente da escolha, Lira pretende consultar o ex-presidente Jair Bolsonaro, cujo PL tem a maior bancada da Câmara, antes de tomar uma decisão. Bolsonaro já indicou que apoiará o candidato de Lira, qualquer que seja sua escolha.