O governo de Minas Gerais decretou, na última sexta-feira, 2 de maio, situação de emergência em Saúde Pública devido ao aumento significativo da circulação de vírus respiratórios, com destaque para o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) e o Influenza A. Nesse contexto, a Fundação Ezequiel Dias (Funed) passa a exercer um papel estratégico, uma vez que o decreto prevê a ampliação do diagnóstico laboratorial preciso e oportuno da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG).
A vigilância dos vírus respiratórios, realizada pela Funed por meio do programa Gripe-MG (Global Respiratory Virus Infection Pathogen in Minas Gerais), é considerada uma iniciativa de alta relevância para a saúde pública. A produção de dados qualificados permite a tomada de decisões mais eficientes, contribuindo para ações de prevenção, controle e resposta rápida em momentos críticos.
Somente em 2025, a Funed já processou 147.535 exames, evidenciando sua centralidade no monitoramento contínuo de vírus como o VSR, Influenza A e o vírus da Covid-19. De acordo com André Felipe Leal Bernardes, referência técnica do Laboratório de Vírus Respiratórios da Funed, a circulação do VSR aumentou de forma precoce a partir da semana epidemiológica 7, com taxa de positividade superior a 5% e crescimento acelerado nas semanas seguintes.
“O percentual ultrapassou 25% na semana epidemiológica 15, três semanas antes do decreto estadual. O pico foi de 39,55% na semana 18, o maior percentual já registrado na série histórica de 2021 a 2025”, destacou André. Os dados reforçam o valor do monitoramento laboratorial como ferramenta de alerta precoce, que antecipa cenários de crise antes da adoção de medidas oficiais.
Segundo o especialista, os resultados laboratoriais não apenas orientam o cuidado assistencial como também fortalecem as estratégias de vigilância epidemiológica. A atuação da Funed permite ajustes em protocolos, intensificação da busca ativa de casos, redirecionamento de campanhas de comunicação e realocação preventiva de recursos do Sistema Único de Saúde (SUS).
Além do VSR, a Funed também detectou circulação relevante do Influenza A, especialmente em cidades como Montes Claros, Governador Valadares, Diamantina, Coronel Fabriciano e Belo Horizonte, onde a pressão sobre os serviços pediátricos tem sido mais intensa.
Mesmo com o volume elevado de exames, a Funed manteve a média de liberação de resultados entre 1,53 e 1,62 dias. Essa agilidade permite que os dados laboratoriais sejam rapidamente incorporados às decisões práticas, com foco na proteção das populações mais vulneráveis, principalmente crianças com menos de cinco anos.
O programa Gripe-MG, da Funed, comprova que a vigilância laboratorial vai além de uma atividade técnica. Ela representa um pilar da inteligência epidemiológica estadual, promovendo ações rápidas e fundamentadas para enfrentar as síndromes respiratórias agudas graves em Minas Gerais.
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
