O ministro das Finanças israelense, Bezalel Smotrich, disse que “pode ser justo e moral” matar de fome 2 milhões de moradores de Gaza até que os reféns israelenses sejam devolvidos. E ainda acrescentou que “ninguém no mundo nos deixaria (fazer isso).”
Em um discurso na segunda-feira (5), na Conferência de Katif, o ministro de extrema direita disse que Israel deveria assumir o controle da distribuição de ajuda dentro de Gaza e afirmou que o Hamas estava no controle dos canais de distribuição dentro do enclave.
“É impossível na realidade global de hoje travar uma guerra – ninguém no mundo nos deixaria fazer morrer de fome e de sede dois milhões de cidadãos, mesmo que seja justo e moral até que eles devolvam nossos reféns”, disse ele.
Ele afirmou ainda que se Israel controlasse a distribuição da ajuda em vez do Hamas, a guerra já teria terminado e os reféns teriam retornado.
“Não se pode lutar contra o Hamas com uma mão e dar-lhe ajuda com a outra. É o seu dinheiro (do Hamas), é o seu combustível, é o seu controle civil da Faixa de Gaza. Isso simplesmente não funciona”, disse ele.
Israel tem o controle sobre a ajuda que entra em Gaza e os grupos de ajuda são responsáveis por distribuí-la. Embora tenha havido alguns relatos de moradores de Gaza sobre o roubo de ajuda pelo Hamas, não está claro o quanto isso de fato acontece.
O Enviado Especial dos EUA, David Satterfield, disse em fevereiro que nenhum oficial israelense tinha apresentado a ele ou ao governo de Biden “provas específicas de desvio ou roubo de assistência.”
Israel está enfrentando críticas crescentes de grupos de ajuda e organizações internacionais por restringir a ajuda alimentar à Faixa de Gaza.
Uma declaração das Nações Unidas, citando especialistas independentes, indicou no mês passado que a fome se espalhou por todo o enclave. Os especialistas acusaram Israel de conduzir uma “campanha intencional e direcionada à fome”, que eles denominaram uma “forma de violência genocida.”
O promotor do Tribunal Penal Internacional está buscando mandados de prisão contra o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu e o ministro da Defesa Yoav Gallant sob as acusações de “fome como arma de guerra”, entre outras alegações.
Netanyahu negou fortemente as alegações, dizendo que elas são baseadas em um “pacote de mentiras.” Ele disse que se os palestinos em Gaza não estão recebendo comida suficiente, “não é porque Israel está bloqueando-o, é porque o Hamas está roubando.”
Israel declarou que não vai acabar com a guerra até que todos os reféns sejam libertados e o Hamas seja eliminado.
O conflito começou depois que o Hamas atacou Israel em 7 de outubro, matando cerca de 1.200 pessoas e tomando mais de 250 reféns, segundo as autoridades israelenses.
A guerra resultou na morte de mais de 39.000 pessoas em Gaza, segundo as autoridades palestinas.
Smotrich defendeu o controle israelense da operação de ajuda “como parte ou como um meio essencial para realizar os objetivos definidos da guerra”, e disse que apenas uma ajuda mínima é necessária em Gaza nos próximos meses e anos.
“Ninguém fala sobre o governo militar (israelense) (de Gaza) agora. Não há necessidade de desentupir esgotos, nem de educação, nem de bem-estar. Gaza nos próximos dois anos é (vai ser) uma zona de guerra. Você precisa de comida, alguns medicamentos e um mínimo de saneamento – água, esgoto. É isso”, disse ele.