Os Estados-membros da ONU debateram, nesta terça-feira (17), um projeto de resolução palestino para pôr fim à ocupação israelense dos territórios palestinos no prazo de 12 meses, um texto cuja provável aprovação já provocou a ira de Israel.
Em julho, em resposta a uma consulta da Assembleia Geral sobre a ocupação israelense desde 1967, a Corte Internacional de Justiça (CIJ) considerou que “a presença contínua de Israel nos territórios palestinos ocupados é ilícita” e ressaltou que Israel “tem a obrigação de pôr fim a essa situação o mais rápido possível”.
Com base nessa recomendação, os países árabes pediram a convocação de uma nova sessão especial, poucos dias antes da chegada a Nova York de dezenas de chefes de Estado e de governo para a Assembleia Geral da ONU, durante a qual a guerra na Faixa de Gaza será um tema dominante.
“A ideia é utilizar a pressão da comunidade internacional na Assembleia Geral e a pressão da decisão histórica da CIJ para forçar Israel a mudar de atitude”, declarou o embaixador palestino nas Nações Unidas, Riyad Mansour, ao apontar que o texto apresentado, mais concreto que os anteriores, “impactou muitos países”.
O projeto, que deverá ser submetido a votação provavelmente nesta quarta-feira, “exige” que Israel “ponha fim sem demora à sua presença ilícita” nos territórios palestinos e estabelece para isso um prazo “máximo de doze meses”, após a adoção da resolução. Um primeiro projeto concedia apenas seis meses de prazo.
Israel rejeitou categoricamente o texto nesta terça-feira. “Nos reunimos aqui para ver o circo dos palestinos na ONU, um circo onde o mal é justo, a guerra é paz, o assassinato é justificado”, disse o embaixador de Israel nas Nações Unidas, Danny Danon.
“Como se atrevem a continuar com essa tradição de aprovar resoluções unilaterais contra Israel”, lançou.
O projeto de resolução também “exige” a retirada das forças israelenses dos territórios palestinos, a cessação de novos assentamentos, a restituição de terras e propriedades confiscadas e a possibilidade de retorno dos palestinos deslocados.
Por outro lado, o parágrafo que pedia aos Estados-membros que interrompessem as exportações de armas para Israel desapareceu durante as negociações.
“Os palestinos querem viver, não sobreviver. Querem estar seguros em suas casas”, declarou Mansour nesta terça-feira, ao iniciar o debate sobre a primeira resolução apresentada pelos palestinos.
“Quantos palestinos mais têm que morrer para que finalmente haja uma mudança que ponha fim a essa desumanidade?”, questionou.
O parecer da CIJ foi “histórico, pois era a primeira vez que o tribunal examinava a ocupação israelense como um todo”, afirmou Mansour.
Enquanto o Conselho de Segurança está em grande parte paralisado sobre este assunto devido ao uso reiterado dos Estados Unidos de seu direito ao veto para proteger Israel, seu aliado, a Assembleia Geral aprovou em várias ocasiões desde outubro textos em apoio aos palestinos.