O deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ) manifestou apoio ao general da reserva Mário Fernandes, seu ex-assessor na Câmara dos Deputados, preso nesta terça-feira (19) pela Polícia Federal (PF). Fernandes, junto com outros três militares e um policial federal, é investigado por envolvimento em um plano para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após a derrota eleitoral de Jair Bolsonaro em 2022.
Em nota, Pazuello destacou que Mário Fernandes trabalhou em seu gabinete de março de 2023 a março de 2024, mas foi afastado devido a impedimentos legais. O deputado afirmou ter tomado conhecimento da operação apenas pela imprensa e declarou confiar “na idoneidade do General Mário Fernandes”, acreditando que “tudo será esclarecido em breve”. Durante seu período na Câmara, Fernandes ocupou um cargo especial, com salário estimado em R$ 15.600.
A operação, batizada de “Contragolpe”, cumpriu cinco mandados de prisão preventiva e três de busca e apreensão, além de determinar medidas como entrega de passaportes e suspensão de funções públicas. Entre os presos estão militares das Forças Especiais, conhecidos como “kids pretos”, que usaram conhecimentos técnicos para planejar ações golpistas entre novembro e dezembro de 2022.
Segundo a PF, Fernandes, ex-secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência no governo Bolsonaro, participou ativamente da trama denominada *Punhal Verde e Amarelo*. O plano incluía o assassinato de Lula e Alckmin no dia 15 de dezembro de 2022, além da execução e prisão de Moraes. Documentos impressos no Palácio do Planalto detalhavam as ações e a criação de um “Gabinete Institucional de Gestão de Crise” para administrar os conflitos decorrentes do golpe.
A investigação revelou mensagens enviadas por Fernandes ao então comandante do Exército, general Freire Gomes, solicitando apoio ao golpe, pedido que foi rejeitado. O general também participou de uma reunião gravada em vídeo, onde Bolsonaro pressionava ministros a contestar o sistema eleitoral. Na delação premiada do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, Fernandes é descrito como um dos militares mais radicais e defensor ferrenho de um golpe para manter Bolsonaro no poder.
Os envolvidos são investigados por organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e tentativa de golpe de Estado. O cumprimento dos mandados, supervisionado pelo Exército, ocorreu em estados como Rio de Janeiro, Goiás, Amazonas e no Distrito Federal. A operação expõe os riscos enfrentados pela democracia brasileira e a gravidade das ações planejadas pelos suspeitos.
Foto: Carolina Antunes/ PR