A informação de que seu partido pretende mudar o número com que tradicionalmente disputa as eleições revoltou o deputado federal Tiririca (PL-SP). O 2222, com que ele se identifica aos eleitores desde 2010, seria transferido para o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). “Se soubesse que ia perder o número, tinha trocado de partido no período da janela”, disse Tiririca.

O deputado disse que soube da mudança por um parlamentar de outra legenda e que ninguém do PL até agora entrou em contato com ele. “Se for verdade, vou desistir da eleição. Isso é como transferir boa parte dos meus votos para Eduardo Bolsonaro”, reclamou ele na entrevista.

Como o sr. soube que seu número de campanha seria transferido para Eduardo Bolsonaro?

Tiririca – Eu soube por terceiros. Eu sou um cara bem correto na minha vida pessoal e profissional. Então é uma covardia. Eu sou um cara muito acessível, então é muito louco isso pra mim, entendeu? Sempre fui muito correto com o partido. Por isso fiquei muito chateado. Eu voto com o povo, eu não voto contra o povo, eu não voto a favor de presidente ou de partidos. Porque foi o povo que me colocou, não foi partido. Me senti muito pra baixo. Se for verdade, vou desistir da eleição. Isso é como transferir boa parte dos meus votos para Eduardo Bolsonaro.

Algum dirigente do PL procurou o sr. para esclarecer a situação?

Um deputado de outro partido veio me falar: “Mudaram teu número, né?”. Eu não sabia de nada. Até agora ninguém do partido me procurou. Se soubesse que ia perder o número tinha trocado de partido no período da janela (prazo em que a Justiça Eleitoral permite que parlamentares mudem de legenda).

O sr. acha que o fato de Eduardo Bolsonaro ser o deputado mais votado do Brasil ou ser filho do presidente justifica que ele possa escolher o número que quiser?

Isso você tem que perguntar para o Eduardo. Se eu não estivesse político eu seria jogador de futebol. Então eu entendo assim: em time que está ganhando não se mexe. São três eleições com esse número, cara. A primeira com um milhão trezentos e cacetada mil votos. A segunda com um milhão e dezesseis mil. E a terceira com quase meio milhão. É praticamente entregar o patrimônio de voto pra outra pessoa. Meu número está fixado, criança sabe o número. Não sei se acionar judicialmente seria uma boa. Eu poderia entrar, mas eu não quero briga, eu não quero nada disso. Eu só quero respeito, eu só quero consideração. Talvez não exista no meio da política, mas eu fui criado com isso, entendeu? Eu fui criado acreditando que se apertou a mão, não precisa nem assinar papel nem nada.