A Polícia Federal (PF) apontou que o plano para assassinar o então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi debatido em uma reunião realizada na casa do general da reserva Braga Netto. O encontro teria ocorrido em 12 de novembro de 2022, quando Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa, já não ocupava cargos no Executivo, mas era o vice na chapa derrotada de Jair Bolsonaro (PL).

Durante a reunião, conforme relatório da PF, foi apresentado e aprovado o planejamento operacional do grupo conhecido como “kids pretos”, formado por militares das Forças Especiais. Entre os participantes estavam o tenente-coronel Mauro Cid, o major Rafael de Oliveira e o tenente-coronel Hélio Ferreira Lima. Após esse encontro, teria iniciado o monitoramento de Moraes, com o objetivo de prendê-lo ou assassiná-lo.

Segundo a investigação, o grupo discutia os detalhes do plano em um aplicativo de mensagens, com o objetivo de eliminar Lula, Alckmin e Moraes. O esquema incluía até mesmo a possibilidade de envenenamento do presidente eleito.

Nesta terça-feira (19), a Operação Contragolpe, autorizada por Moraes, resultou na prisão de cinco pessoas: o general da reserva Mario Fernandes, os tenentes-coronéis Hélio Ferreira Lima, Rafael Martins de Oliveira e Rodrigo Bezerra de Azevedo, além do policial federal Wladimir Matos Soares. Mario Fernandes, que foi secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência e assessor do deputado Eduardo Pazuello (PL-RJ), deixou o cargo em 2024 por determinação do STF.

O plano de assassinato surgiu em um cenário de crescente tensão política após a derrota de Bolsonaro nas eleições de 2022, marcadas por declarações golpistas do ex-presidente. A investigação da PF também busca determinar o papel de Bolsonaro na trama para impedir a posse de Lula, embora haja controvérsias sobre o enquadramento legal das ações planejadas.

Aliados de Bolsonaro, como o senador Flávio Bolsonaro (PL), questionaram a operação. Flávio declarou que “pensar em matar alguém não é crime” e que para configurar tentativa de homicídio é necessário que “a execução seja interrompida por fatores alheios à vontade dos agentes”, algo que, segundo ele, não ocorreu no caso investigado. A afirmação gerou polêmica e reacendeu o debate sobre a gravidade das ações apuradas.

Foto: Marcello Casal Jr/ Agência Brasil


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