Por Marco Aurélio Carone
Em meio aos apelos do presidente Lula para disputar o governo de Minas Gerais, o ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD) tem ampliado sua base de apoio ao se aproximar do empresário Rubens Menin, dono do Atlético-MG. Esse movimento insere o futebol mineiro no xadrez eleitoral de 2026 e contrasta com a influência do governador Romeu Zema (Novo), cujo chefe da Casa Civil, Marcelo Aro (PP), desponta como forte candidato ao Senado.
Menin e o proprietário do Cruzeiro, Pedro Lourenço, têm interlocução com grupos políticos adversários de Zema. A aproximação entre Pacheco e Menin se consolidou recentemente, quando o PSD fez uma aliança com João Vitor Xavier (Cidadania), aliado de Menin, em disputas políticas contra a chamada “Família Aro”. Paralelamente, a Federação Mineira de Futebol e o Atlético-MG ingressaram com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para manter Ednaldo Rodrigues na presidência da CBF, contrariando Ronaldo “Fenômeno”, aliado de Lourenço.
Menin, que doou R$ 500 mil para a campanha de Pacheco ao Senado em 2018, reitera ser apartidário e nega envolvimento direto nas eleições de 2026. No entanto, nas eleições municipais de 2024, ele doou o mesmo valor para a reeleição do prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), cujo vice, Álvaro Damião, tem ligação com sua rádio esportiva.
Outro doador da campanha de Fuad foi Pedro Lourenço, que contribuiu com R$ 100 mil. Conhecido como Pedrinho, ele assumiu o controle do Cruzeiro no início de 2024, ao comprar as ações de Ronaldo. Pedrinho tem boa relação com Aécio Neves (PSDB), adversário de Zema e cotado para o Senado. Além disso, mantém interlocução com a prefeita de Contagem, Marília Campos (PT), a quem doou R$ 50 mil na eleição de 2022.
Pedrinho esteve presente na visita de Lula a Contagem em junho e entregou camisas do Cruzeiro ao presidente e à primeira-dama Janja. Apesar dessa aproximação, ele declarou por meio de sua assessoria que não pretende apoiar nenhum candidato em 2026. No entanto, Pedrinho apoia Ronaldo na disputa pela presidência da CBF, o que o coloca em conflito com o grupo que defende a permanência de Ednaldo Rodrigues.
O impasse na CBF levou a disputa ao STF, sob relatoria do ministro Gilmar Mendes, que inicialmente votou a favor da permanência de Ednaldo Rodrigues, mas teve o julgamento suspenso. Nos bastidores, um grupo de dirigentes, incluindo membros da Federação Mineira de Futebol, buscou um “acordão” para encerrar a disputa judicial. A federação é presidida por Adriano Aro, irmão de Marcelo Aro, e conta com Castellar Guimarães, primo dos Aro, como um dos vice-presidentes da CBF.
Diante desse cenário, Pacheco consolida sua posição como um dos principais nomes para a sucessão de Zema. Sua capacidade de articulação política e a aproximação com figuras influentes do empresariado mineiro e do futebol ampliam seu leque de apoios. Enquanto isso, Marcelo Aro se fortalece como candidato ao Senado, posicionando-se como o nome do grupo de Zema para 2026. A disputa eleitoral promete ser acirrada, com alianças estratégicas e interesses econômicos moldando o tabuleiro político de Minas Gerais.
Foto: Saulo Cruz/Agência Senado