A seca que atingiu o Brasil em 2024, aliada à previsão de chuvas fracas no próximo período úmido e ao aquecimento da atividade econômica, está gerando preocupação no setor elétrico. O cenário é agravado por mudanças no padrão de consumo de energia no país. Diante disso, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) já adotou a bandeira tarifária vermelha 1, que impõe uma sobretaxa nas contas de luz.

Para garantir a segurança no fornecimento de energia, o governo aprovou recentemente medidas que facilitam o uso de usinas térmicas. A expectativa é que entre 70% e 80% dessas usinas sejam acionadas para evitar falhas no abastecimento.

A atual escassez de chuvas apresenta características diferentes em relação à crise de 2021, quando o Brasil também precisou recorrer amplamente às termelétricas. Naquele ano, a economia estava em ritmo mais lento e o consumo de energia era menor. Agora, além da economia mais aquecida, o país tem enfrentado ondas de calor intensas, o que elevou os picos de demanda de energia a níveis recordes.

Desde novembro de 2023, o Brasil registrou quatro novos recordes de consumo de energia, com a demanda superando 100 mil megawatts (MW). No verão de março, o pico chegou a 102.478 MW, e, mesmo no inverno, os patamares seguiram elevados, com o consumo atingindo mais de 92 mil MW no dia 21 de agosto.

Além do aumento da demanda, o horário de pico de consumo tem mudado para as 18h, momento em que a geração solar começa a cair e a energia eólica não opera em plena capacidade. Isso aumenta a dependência das hidrelétricas e das usinas térmicas para suprir a demanda no horário de maior consumo.

O indicador que mede a quantidade de chuvas que alimenta os rios e as usinas hidrelétricas reflete a gravidade da crise hídrica. Em setembro de 2024, esse índice atingiu apenas 53%, comparado a 87% no mesmo período de 2023, marcando o nível mais baixo desde 2020. Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o cenário mais pessimista prevê que este mês poderá ter a segunda pior vazão de água registrada em 94 anos de medições.

 


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