O Tesouro Nacional anunciou nesta terça-feira (18) a emissão de títulos da dívida externa denominados em dólares, com vencimento em 2035 e prazo de 10 anos. A operação faz parte da estratégia do governo para fortalecer a liquidez da curva de juros soberana em moeda estrangeira e antecipar o financiamento de vencimentos futuros.

Segundo comunicado do Tesouro, a emissão tem como objetivo estabelecer referências para o setor corporativo e ampliar a presença do Brasil no mercado internacional. A operação está sendo conduzida pelos bancos Bradesco, JP Morgan e Morgan Stanley.

O “initial price talk”, que funciona como um indicativo inicial de preços para medir o interesse dos investidores, foi estabelecido em 7,05%, conforme divulgado pelo serviço IFR. O patamar foi confirmado por uma fonte próxima à negociação.

A equipe econômica do governo argumenta que essas emissões não visam apenas captar recursos, mas também servir como parâmetro para o mercado privado de dívida. Atualmente, os títulos públicos atrelados ao câmbio representam uma parcela reduzida da dívida total do país, encerrando 2024 em 4,76% do estoque. O Plano Anual de Financiamento (PAF) do Tesouro para 2025 estabelece que essa participação deve ficar entre 3% e 7%.

Em maio de 2024, o governo solicitou ao Senado um aumento no limite de emissão de títulos da dívida externa, elevando o teto de 75 bilhões de dólares para 125 bilhões de dólares. A proposta foi justificada pelo secretário do Tesouro, Rogério Ceron, que afirmou que esse aumento seria utilizado ao longo de um período de 10 a 15 anos, visando a ampliação das emissões de títulos sustentáveis.

A última captação externa do Brasil ocorreu em junho do ano passado, quando o governo emitiu títulos vinculados a compromissos sustentáveis, arrecadando 2 bilhões de dólares. A nova emissão ocorre em um momento de melhora do Credit Default Swap (CDS) de cinco anos do Brasil, um indicador de risco-país, que caiu mais de 20% no acumulado do ano.

Esse cenário positivo vem após uma forte instabilidade em dezembro, quando preocupações fiscais internas e incertezas no mercado global, especialmente após a reeleição do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, impactaram os ativos brasileiros.

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, destacou recentemente que os mercados demonstraram alívio pelo fato de as tarifas prometidas por Trump não terem sido impostas de imediato. Além disso, o subsecretário da Dívida Pública do Tesouro, Daniel Leal, reforçou que o governo não tem intenção de interferir no câmbio por meio das emissões externas, ressaltando que as políticas cambial e monetária seguem sendo atribuições exclusivas do Banco Central.

Foto: Diogo Zacarias/MF


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