Donald Trump, agora o 47.º presidente dos Estados Unidos, retorna à Casa Branca após garantir ao menos 277 delegados no colégio eleitoral e vencer de forma expressiva no voto popular contra a democrata Kamala Harris nas eleições de 5 de novembro. A projeção de grandes veículos americanos confirmou a vitória de Trump após ele conquistar uma vantagem decisiva no estado de Wisconsin. Trump também venceu em outros estados-pêndulo, como Geórgia, Carolina do Norte e Pensilvânia, e lidera nos estados de Nevada, Arizona e Michigan.

Mesmo antes de alcançar os 270 delegados necessários para assegurar a vitória, o retorno de Trump à Casa Branca já estava encaminhado. Com vitórias em estados chave como a Carolina do Norte, Geórgia e Pensilvânia, além de estados tradicionalmente republicanos como Texas e Flórida, Trump fez um discurso em Palm Beach, Flórida, na madrugada de quarta-feira, 6 de novembro. Em sua fala de cerca de 20 minutos, Trump adotou um tom mais conciliador em comparação com sua campanha agressiva, afirmando que trabalhará para “curar o país”. Ele prometeu fortalecer as fronteiras e realizar outras reformas, marcando essa fase como uma “era dourada para a América”.

Ao lado de Trump estavam seus principais aliados e familiares, incluindo a ex-primeira-dama Melania Trump e os filhos Barron, Don Jr., Eric, Ivanka e Tiffany. Embora Trump não tenha mencionado diretamente Kamala Harris, ele defendeu que o momento é de “deixar para trás as divisões dos últimos quatro anos” e que a unidade entre os americanos deve ser a prioridade. Em um discurso marcado por promessas de segurança e prosperidade, Trump declarou que esta vitória é a mais incrível já vista na política americana e que o resultado lhe dá um “mandato poderoso” para liderar o país.

Trump retorna à presidência aos 78 anos e 140 dias, tornando-se o homem mais velho a ocupar o cargo, superando Joe Biden, que venceu as eleições de 2020. Sua volta é histórica, pois ele é o primeiro presidente, desde Grover Cleveland em 1893, a retornar ao cargo após perder uma reeleição. Além disso, Trump enfrentou uma condenação criminal em primeira instância, mas isso não impediu seu retorno.

A vitória de Trump reflete uma insatisfação do eleitorado americano com o governo democrata, principalmente com a alta da inflação que afetou o custo de vida. A questão da imigração também foi um fator decisivo para os eleitores, que manifestaram apoio a uma postura mais rígida. Trump obteve mais de 71 milhões de votos populares, reforçando o apoio à sua proposta de deportação em massa de imigrantes ilegais e de limitar a globalização. Durante a campanha, Trump retomou o slogan “Make America Great Again” e defendeu um protecionismo econômico, principalmente contra a China. Em comícios, afirmou repetidamente que imigrantes estariam “envenenando o sangue” do país, e propôs a deportação de 11 milhões de pessoas.

O ex-presidente também declarou que pretende usar o Departamento de Justiça para investigar rivais, tanto republicanos quanto democratas, incluindo a deputada Liz Cheney, o ex-presidente Joe Biden e sua adversária na eleição, Kamala Harris. Trump criticou a imprensa e espalhou acusações falsas contra imigrantes, chegando a afirmar que alguns estariam “comendo animais domésticos” em Springfield, Ohio, o que gerou reações violentas na região. Ele ainda prometeu perdão aos envolvidos na invasão do Capitólio, ocorrida em 6 de janeiro de 2021.

Em um dos momentos mais impactantes da campanha, Trump sobreviveu a uma tentativa de assassinato em julho durante um comício em Butler, Pensilvânia. Um atirador identificado como Thomas Matthew Cook disparou contra Trump de um prédio próximo, atingindo-o de raspão na orelha. Com o rosto ensanguentado, Trump deixou o local incentivando seus apoiadores a “lutar”. Outro atentado foi evitado na Flórida em setembro, próximo a um campo de golfe.

A tentativa de assassinato ocorreu enquanto Joe Biden ainda era o candidato democrata, mas com as eleições se aproximando, Biden desistiu, e Kamala Harris assumiu a candidatura. As pesquisas indicaram uma disputa acirrada, mas a campanha de Trump focou na perda do poder de compra e na questão migratória, temas que tiveram ressonância entre eleitores preocupados com a economia.

No primeiro mandato, Trump ficou conhecido por revogar várias políticas da administração Obama, incluindo a saída dos Estados Unidos dos Acordos de Paris e do Acordo Nuclear com o Irã, argumentando que esses compromissos eram prejudiciais aos americanos. Ele também proibiu a entrada de cidadãos de países muçulmanos e estreitou relações com autocratas como Vladimir Putin e Kim Jong-un. Sua abordagem leniente com grupos de extrema direita ficou marcada, como quando afirmou que havia “pessoas muito boas dos dois lados” em uma manifestação neonazista em Charlottesville em 2017. Segundo dados do FBI, os crimes de ódio aumentaram em 28% durante o governo Trump.

A influência de Trump sobre o Judiciário também foi significativa. Ele nomeou três juízes para a Suprema Corte — Neil Gorsuch, Brett Kavanaugh e Amy Coney Barrett —, e suas decisões moldaram políticas-chave, como a reversão do direito ao aborto em 2022 com a revogação de Roe vs. Wade.

O mandato de Trump também foi marcado pela pandemia de COVID-19, durante a qual ele se posicionou contra o uso de máscaras, testes e lockdowns, além de sugerir o uso de cloroquina e até injeções de desinfetante. Essa postura gerou muitas críticas, e os EUA lideraram em casos e mortes, o que afetou a popularidade de Trump e contribuiu para a vitória de Biden em 2020. Após perder a eleição, Trump iniciou uma campanha de desinformação alegando fraude eleitoral, o que culminou na invasão do Capitólio. Trump descreveu a invasão como um “ato patriótico”, e até hoje afirma que a eleição foi “roubada”.

Desde então, Trump enfrentou vários processos judiciais. Foi condenado a indenizar a escritora E. Jean Carroll por acusações de abuso e fraude fiscal e respondeu por pagamentos ilegais durante a eleição de 2016. Entretanto, algumas dessas ações foram limitadas pela Suprema Corte, que reconheceu imunidade presidencial em certos casos. Com o retorno ao cargo, espera-se que alguns processos enfrentem novas limitações legais.

A vitória de Trump representa um desejo de mudança para muitos americanos, que buscam uma economia mais robusta e controle rígido sobre a imigração, sinalizando um novo capítulo para os Estados Unidos.

 

 


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