De 7 a 10 de outubro, a UFMG celebra os 10 anos das Formações Transversais (FTs) com o evento Formações Transversais na UFMG: uma universidade aberta a relações coletivas, diálogos intermundos e justiça epistêmica. A Formação Transversal surgiu na Universidade na perspectiva de uma flexibilização estruturada para possibilitar aos estudantes a escolha por cursar, como parte integrante de seus estudos na graduação, um elenco de atividades acadêmicas com abordagem de temáticas de interesse geral, visando incentivar a formação de espírito crítico e de visão aprofundada em relação a grandes questões do país e da humanidade.

Assim, a FT trata de um conjunto de atividades acadêmicas curriculares que compõem um “minicurrículo” de uma temática específica e são ofertadas por departamentos de diferentes unidades acadêmicas da UFMG. Diferentemente da proposta de formação complementar aberta que permitia ao estudante cursar um subconjunto de atividades acadêmicas curriculares de outro curso de graduação, a proposta de Formação Transversal extrapola o conceito de interdisciplinaridade para o de transversalidade.

“As FTs proporcionam aos estudantes uma ampliação da visão de mundo, para que eles conheçam grandes temáticas da humanidade. Essas formações estão relacionadas a assuntos de grande importância e relevância social que nem sempre estão presentes nos cursos de graduação”, afirma Terezinha Rocha, coordenadora do Colegiado Especial das FTs na UFMG e professora da Faculdade de Educação. A instância que coordena é vinculada à Pró-reitoria de Graduação (Prograd).

A programação da semana que celebra os 10 anos de FTs na UFMG tem conferências, rodas de conversa, palestras e apresentações musicais. As inscrições, abertas a estudantes da UFMG e à comunidade externa, podem ser feitas até 7 de outubro pelo Sistema de Gestão de Eventos (GES) da UFMG.

“A UFMG ousa ao levar aos seus estudantes temas universais que constituem fundamento de todas as formações. Quando trazemos o tema dos saberes tradicionais, por exemplo, e mostramos a sua relação com a educação e a antropologia, mas também com a engenharia e a farmácia, estamos ampliando a construção humana. Essas formações lidam com temas de relevância para nossa cidadania, ajudando na formação crítica, reflexiva e atenta à justiça social”, complementa José Alfredo Debortoli, professor do Departamento de Educação Física da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional (EEFFTO) da UFMG e presidente da comissão organizadora do evento.

Os professores Bruno Otávio Soares Teixeira, pró-reitor de Graduação, e Maria José Batista Flores, pró-reitora adjunta, avaliam que as FTs construíram, nesta década, um conjunto de reflexões e práticas que indicam caminhos para o futuro do ensino superior brasileiro. Eles convidam a comunidade da UFMG a participar do evento promovido pela Prograd. “A expectativa é que esse movimento não cesse e que continue influenciando as práticas pedagógicas pela sua capacidade de promover a articulação potencial entre conhecimento acadêmico e não acadêmico, a interação de estudantes dos diferentes cursos e a aproximação de docentes e não docentes de diferentes áreas e instituições em torno de uma formação humana comprometida com uma postura crítica e solidária”, afirmam os pró-reitores em prefácio de livro que faz um balanço dos 10 anos desse modelo e será lançado ainda neste ano.

Histórico

A UFMG conta com 10 Formações Transversais. As primeiras foram as de Saberes tradicionais, inaugurada no primeiro semestre de 2015, e a de Divulgação científica, em 2016. Posteriormente, surgiram as FTs em Relações étnico-raciais: História da África e cultura afro-brasileira; Culturas em movimento e processos criativos; Direitos humanos; Empreendedorismo e inovação; Gênero e sexualidade: perspectivas LGBTQIA+; Acessibilidade e inclusão; Estudos internacionais e Agroecologia e agricultura familiar. No ano que vem, será ofertada a 11ª FT: Meio ambiente e sustentabilidade.

“Ao longo desses 10 anos de história, foram mais de 15 mil matrículas nas Formações Transversais. A procura é elevada porque os alunos compreendem a importância de ampliar seus conhecimentos sobre questões tão emergentes. Além dos estudantes de graduação da UFMG, as FTs também recebem alunos da pós-graduação e pessoas da comunidade externa, que podem se matricular na modalidade de disciplinas isoladas”, explica Terezinha Rocha.

Para obter o certificado numa das FTs, os estudantes devem cumprir carga de 300 horas de disciplinas, que costumam ser cursadas paralelamente às disciplinas dos cursos de graduação. “É bom ressaltar que não podemos confundir formações transversais com as especializações. Elas ampliam, de forma transversal, os olhares que as profissões têm da vida social. Tivemos uma estudante que concluiu o bacharelado em Ciências Biológicas e fez a FT em Saberes tradicionais. Ela nos contou que, por meio da formação, conseguiu uma inserção profissional que nunca havia imaginado, pois se aproximou dos povos indígenas e encontrou novas relações em seu campo de trabalho. A sociedade tem temas que dizem respeito a todos, e esses temas são tratados nas FTs”, conclui José Alfredo Debortoli.

Foto: Raphaella Dias


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