Por Marco Aurelio Carone

O governador Romeu Zema (Novo), chega ao final de seu mandato sem nada a mostrar, por imaginar que a administração pública seria similar a administração privada. A escolha de seus secretários, dirigentes de fundações, autarquias e estatais, seguiram o critério apenas da “análise do curriculum”, e a indicação da direção do seu partido, o que acabou criado uma elite governamental, totalmente desassociada das reais necessidades da sociedade a quem tem que servir.

Estes sim, constitucionalmente seus patrões. Na administração privada, a análise do desempenho e competência é comprovada nos relatórios e nos balanços, já na administração pública, a análise é outra. Os investimentos não são para ter retorno, tão pouco contabilizáveis pelo critério investimento lucro.

O investimento nas áreas de educação, saúde, segurança pública, infraestrutura e outros setores que em seu governo foram desprezados, são dever do Estado, seja dando lucro ou prejuízo, assim como as empresas que prestam serviços considerados essenciais.

A existência do Estado só se justifica com esta lógica.

Porém, o pior é que, os administradores analisados pelo curriculum assumiram seus cargos desprezando a finalidade pela qual as empresas, fundações, autarquias e secretarias que dirigem foram criadas. É bem possível que jamais leram a Lei que criou a instituição que administram. Evidente que sabem que suas escolhas são pontuais e provisórias, assim como o período frente as instituições, que desestabilizaram e até mesmo inviabilizaram.

No governo de Zema, as empresas públicas descumpriram sua finalidade, após receberem ordem do patrão, suspenderam os investimentos nas áreas de serviços essenciais, para gerar lucros e dividendos carreados para os rentistas e em especial para o principal sócio, o Governo de Minas. Numa clara e criminosa inversão. O pior, já existem casos sérios de corrupção.

Basta pesquisar para constatar que nenhum destes administradores fixaram residência em Belo Horizonte ou Minas Gerais, são os denominados administradores de ponte aérea. Evidente que grande parte da população, com toda razão, diante do descrédito da classe política, apostou em alguém que se apresentou em 2018 como o novo, como se tivesse uma fórmula mágica, algo como Jânio Quadros com sua vassoura nas mãos, que não varreu o lixo e sim a democracia, deixando para gerações futuras 25 anos de regime de exceção.

Zema deixará um passivo social, de segurança pública e infraestrutura, que Minas Gerais levará décadas para recuperar-se, evidente que para os seus apoiadores, em sua maioria da classe média ou alta, que foram atendidos com isenções e outros privilégios fiscais, isto pouco representará, pois jamais precisaram de um posto de saúde, que seus filhos ou parentes estudem em escola pública, suas seguranças são garantidas por carros blindados e guarda armada privada, tão pouco viajam de carro, sempre de avião.

Só um detalhe, Zema esqueceu que para sua recondução ao cargo de governador necessita do voto popular e depois de quatro anos frente ao governo, não poderá apresentar-se como algo novo, como fez em sua eleição e que embora venha durante todo seu governo utilizando como estratégia o confronto com a classe política, que indiscutivelmente ainda permanece desgastada, hoje ele faz parte dela. Para ele, nas eleições deste ano será como correr ou brigar com sua própria sombra.

Crédito da foto: Imagem matéria de Fernando Gabeira