Após uma participação discreta nas eleições de 2020, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), mudou sua postura e decidiu participar ativamente das campanhas de aliados, inclusive fora de Minas Gerais. Embora Zema negue que esse movimento tenha como foco as eleições de 2026, ele admite que está ajudando candidatos do Novo e de partidos aliados. Entretanto, seus aliados acreditam que essa estratégia visa consolidar sua imagem no cenário nacional, preparando o terreno para uma possível candidatura à Presidência da República ou a um cargo de vice-presidente.
Zema, que anteriormente declarou preferência por apoiar outro nome para liderar uma frente de centro-direita, começou a flertar com a possibilidade de encabeçar uma chapa presidencial. Ele não descarta, porém, a chance de compor como vice em 2026. “Nós temos que barrar o crescimento da esquerda”, disse Zema ao jornal *Estadão*, ao comentar sua atuação nas eleições municipais, destacando que seu modelo de gestão liberal em Minas Gerais pode ser replicado nas prefeituras.
Neste mês, Zema aproveitou compromissos oficiais para participar de campanhas em cinco cidades de São Paulo, além de eventos na capital paulista ao lado de Marina Helena (Novo), candidata a prefeita. Ele também esteve no Rio de Janeiro para apoiar Carol Sponza (Novo) e gravou vídeos de apoio para mais de mil candidatos a vereador em diversas regiões do Brasil.
Ricardo Alves, presidente do diretório paulista do Novo, destacou a importância de Zema ganhar projeção nacional. “Ele participará de forma decisiva nas eleições de 2026, seja como candidato a presidente, vice ou até ao Senado. Sem dúvida, ele é um dos principais nomes do cenário político nacional”, afirmou Alves, que acompanhou Zema em suas visitas a cidades como Taubaté, Osasco e Santo André.
Em Santo André, Zema participou de um evento com o candidato a prefeito Edson Sardano (Novo). Além de relatar suas realizações em Minas Gerais, Zema revelou que tem dialogado com outros governadores de direita, como Tarcísio de Freitas, Jorginho Mello, Ronaldo Caiado, Eduardo Leite, Ratinho Júnior e Cláudio Castro, com o objetivo de formar uma frente política para 2026. “Quem estiver melhor nas pesquisas irá liderar o movimento“, declarou.
Zema tem se mostrado mais envolvido nas articulações políticas, um aspecto que ele pouco explorou em seus primeiros anos de mandato. Ele foi fundamental na negociação que levou o Novo a apoiar Mauro Tramonte (Republicanos) para a prefeitura de Belo Horizonte, indicando sua ex-secretária como vice na chapa. Além disso, Zema comunicou pessoalmente a Nikolas Ferreira (PL) e Bruno Engler (PL) que não faria aliança com o bolsonarismo na capital mineira.
Mesmo com seu foco voltado para candidaturas fora de Minas Gerais, Zema não deixou de apoiar aliados em cidades estratégicas do estado, como Contagem, Uberlândia, Juiz de Fora, Betim, Montes Claros e Divinópolis. Ele apoia candidatos de diversos partidos de direita, como PL, PP, PSD, União Brasil, Avante, Republicanos e o próprio Novo, com o objetivo de enfrentar adversários ligados ao PT e a partidos que orbitam em torno da sigla.
Zema também enfrenta o desafio de eleger seu sucessor em Minas Gerais, em um cenário que pode ter a disputa acirrada com nomes como Nikolas Ferreira e Bruno Engler, além do grupo político de Rodrigo Pacheco (PSD) e Alexandre Silveira (PSD), que provavelmente formarão o palanque de Lula no estado.
Diferente das eleições anteriores, o Novo agora faz coligações e utiliza recursos públicos em suas campanhas. “O partido mudou por completo“, afirmou Zema. “Há quatro anos, nossa atividade eleitoral foi muito limitada. Com a nova direção e mentalidade, temos candidatos em mais de 600 cidades no Brasil.”
A eleição municipal de 2024 é vista como crucial para o Novo, que pretende ganhar capilaridade no país e fortalecer sua base para eleger o maior número possível de deputados federais em 2026. O principal objetivo é superar a cláusula de barreira, garantindo, assim, tempo de propaganda eleitoral e recursos do Fundo Partidário. Ricardo Alves, do diretório paulista, afirmou que “as grandes mudanças que o Brasil necessita virão pelo Legislativo”, ressaltando a importância de conquistar espaço no Congresso Nacional.
Com informações do Estadão
Foto: Instagram @renataabreu.2020