A reinfecção pela variante ômicron do coronavírus acontece de forma mais rápida do que pelas primeiras cepas. Essa é a conclusão de um estudo realizado na Dinamarca, publicado na forma de preprint, ou seja, ainda sem a revisão de outros pesquisadores. Reinfecções foram identificadas com intervalos a partir de 20 dias.

De um total de 187 casos de reinfecção, os pesquisadores conseguiram 67 com amostras de boa qualidade para o sequenciamento do vírus. Foram identificados 47 casos em que a mesma pessoa foi infectada pelas duas subvariantes dominantes da ômicron naquele momento, BA.1 e BA.2. Isso aconteceu especialmente em indivíduos não vacinados com idades entre 6 e 29 anos.

A pesquisa usou amostras de mais de 1,8 milhão de casos de covid-19 no país entre novembro de 2021 e fevereiro de 2022. Dentre esses casos, foram selecionados indivíduos com duas amostras positivas, com intervalo de 20 a 60 dias entre as infecções.

“A ômicron gera uma memória imunológica muito pior do que as variantes anteriores, o que aumenta muito as chances de reinfecção”, afirma Airton Pereira e Silva, doutor em patologia pela Universidade Federal Fluminense (UFF).

“Os estudos vêm mostrando que, após as 3 doses da vacina, as pessoas apresentam altas taxas de anticorpos específicos, independente de terem tido covid previamente ou não”, afirma Silva. As vacinas conferem, portanto, uma proteção fundamental contra as reinfecções.

Para ele, a mensagem mais importante é que a ômicron mudou a situação das reinfecções. “Antes, elas eram raras e aconteciam após meses da resolução da doença. Agora vemos que o risco de reinfecção é maior e muito antes do esperado”, afirma Silva.

“No Brasil, estamos vendo um expressivo aumento de casos, justamente pelas subvariantes que têm mais chance de causar reinfecção”, completa. Por isso, é importante manter o uso de máscaras, preferencialmente PFF2, em ambientes fechados ou abertos com aglomeração.


Paola Tito