Em entrevista nesta quinta-feira, 14, o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que o atentado a bomba ocorrido no dia anterior é parte de uma série de ataques contra as instituições democráticas e ressaltou a importância de responsabilizar quem comete atos contra a democracia. “Não há espaço para quem acredita que a violência é uma estratégia legítima. Uma causa que se baseia em ódio, mentiras e violência não é uma causa justa”, declarou Barroso.

Barroso também mencionou as articulações de parlamentares bolsonaristas no Congresso para uma proposta de anistia aos envolvidos nos eventos de 8 de janeiro. Ele alertou que a aprovação dessa medida poderia estimular novos atos violentos. “Querem perdoar sem sequer condenar, naturalizando o absurdo e incentivando a repetição desses comportamentos”, criticou.

O ministro relembrou episódios anteriores de ataques ao STF, como os do ex-deputado Daniel Silveira, condenado pelo Supremo a oito anos e nove meses de prisão, e o confronto de Roberto Jefferson com policiais federais, no qual ele usou granadas e tiros de fuzil. Barroso também mencionou a perseguição armada da deputada Carla Zambelli a um apoiador de Luiz Inácio Lula da Silva na véspera do segundo turno das eleições.

Barroso enfatizou a necessidade de uma reflexão nacional sobre o crescimento da violência: “Precisamos refletir como sociedade sobre o que nos levou a trocar nossa essência afetuosa e fraterna pela escuridão do ódio e da violência”. Ele encerrou sua fala com um apelo pela pacificação e pelo “retorno à civilidade”, afirmando que “o episódio de ontem será apenas uma cicatriz na história.”

A sessão no STF transcorreu sob medidas de segurança reforçadas, com acesso restrito a advogados e jornalistas credenciados. Francisco Wanderley Luiz, autor do atentado, morreu ao detonar um explosivo próximo à Estátua da Justiça, e outro artefato foi localizado na casa que ele alugava em Ceilândia, nos arredores de Brasília.

Durante a sessão, o ministro Gilmar Mendes também se pronunciou, associando ao governo de Jair Bolsonaro a responsabilidade por fomentar “discurso de ódio, fanatismo político e desinformação”. Ele observou que “os ataques à democracia têm ocorrido abertamente, sem cerimônia nem pudor”. Mendes ainda citou eventos recentes, como uma explosão próxima ao aeroporto de Brasília e o disparo de fogos de artifício contra o prédio do STF, afirmando que esses atos são incentivados por líderes de extrema-direita.

A investigação sobre o atentado está sob a responsabilidade do ministro Alexandre de Moraes, que prometeu responsabilizar os envolvidos. Em resposta a tentativas de minimizar o ataque, Moraes afirmou: “No mundo todo, alguém que usa explosivos para ameaçar vidas é considerado um terrorista. É lamentável que ideologias justifiquem o absurdo de descrever o ato como um mero suicídio”. Ele concluiu destacando que “essas pessoas são negacionistas do estado de direito e serão responsabilizadas.”

Foto: Antônio Augusto/STF


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